Desmatamento ameaça a Caatinga: 34 milhões de hectares já perdidos

© Valter Campanato/Agência Brasil

 

Presidente do Ibama alerta para a urgência de ações de conservação e recuperação no bioma

 

 

Durante um seminário técnico-científico sobre a Caatinga, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, alertou para a perda de 34 milhões de hectares dos 82,6 milhões de hectares desse bioma. O evento contou com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e destacou os desafios para alcançar a meta de desmatamento zero na região nordestina do Brasil.

Agostinho enfatizou a necessidade de uma política pública específica para a Caatinga, devido ao alto grau de espécies exclusivas que já foram afetadas pelas atividades humanas. Ele apontou que cerca de 60% da área de vegetação nativa do bioma já sofreu transformações como corte raso, queimas reiteradas, extração seletiva de vegetação e introdução de espécies exóticas.

Os impactos desse processo incluem a desertificação de mais de 10% da Caatinga, um problema que Agostinho argumenta que precisa ser enfrentado com a criação de unidades de conservação, recuperação da vegetação nativa e políticas de proteção integral e uso sustentável dos recursos.

Além disso, o presidente do Ibama destacou a importância de melhorar os licenciamentos ambientais e demarcar os territórios das populações tradicionais na região. Ele ressaltou que muitas vezes essas comunidades não são reconhecidas e acabam sendo expulsas de suas áreas devido à chegada de empreendimentos.

A transição energética também foi mencionada como uma preocupação, pois embora a energia eólica e solar sejam desejáveis para a região, não deve ser feita às custas do desmatamento da Caatinga. Agostinho argumentou que não faz sentido desmatar extensas áreas apenas porque o preço da terra é mais barato.

A ministra Marina Silva concordou com Agostinho, destacando a necessidade de políticas públicas específicas para cada bioma brasileiro. Ela mencionou o Plano de Transformação Ecológica apresentado pelo Ministério da Fazenda durante a COP28 como um exemplo disso, enfatizando o compromisso político, ético e social de combater o desmatamento e preservar a diversidade natural do país.