Setor público registra superávit primário de R$ 3,6 bilhões em março, mas déficit nominal segue elevado

© Marcello Casal JrAgência Brasil
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O setor público consolidado do Brasil, que inclui a União, Estados, municípios e empresas estatais, registrou um superávit primário de R$ 3,6 bilhões em março de 2025, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Banco Central (BC). Esse resultado representa uma melhora em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o superávit primário foi de R$ 1,2 bilhão.

O superávit primário é o saldo positivo das receitas sobre as despesas do governo, sem considerar os pagamentos de juros da dívida pública, e é considerado um indicador de controle fiscal. Em março de 2025, o Governo Central, composto pelo Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Central, registrou superávit de R$ 2,3 bilhões. Já os governos regionais (Estados e municípios) alcançaram um superávit de R$ 6,5 bilhões. Além disso, as empresas estatais também apresentaram um superávit de R$ 566 milhões.

Apesar do superávit primário em março, o acumulado dos últimos 12 meses ainda mostra um déficit primário de R$ 13,5 bilhões, o que equivale a 0,38% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor é uma melhoria em relação a fevereiro de 2025, quando o déficit foi de R$ 15,9 bilhões, ou 0,13% do PIB.

Juros nominais em alta

Outro dado relevante divulgado pelo Banco Central foi o aumento dos juros nominais do setor público consolidado. Em março de 2025, os juros nominais somaram R$ 75,2 bilhões, um valor superior aos R$ 64,2 bilhões registrados no mesmo mês do ano passado. No acumulado de 12 meses, os juros nominais alcançaram R$ 935,0 bilhões, ou 7,8% do PIB.

O resultado nominal do setor público, que inclui tanto o superávit primário quanto os juros nominais, foi deficitário em R$ 71,6 bilhões em março. No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit nominal totalizou R$ 948,5 bilhões, o que representa 7,92% do PIB, uma leve variação em relação ao déficit nominal de R$ 939,8 bilhões (7,91% do PIB) registrado em fevereiro.

Dívida pública

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que inclui o governo federal, o INSS e os governos estaduais e municipais, atingiu 75,9% do PIB em março, somando R$ 9,1 trilhões. Esse valor representa uma redução de 0,2 ponto percentual (p.p.) do PIB em relação ao mês anterior, refletindo uma leve melhora no endividamento do setor público.

Por outro lado, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), que considera a dívida bruta descontada das reservas e ativos do governo, alcançou 61,6% do PIB, totalizando R$ 7,4 trilhões. Esse indicador registrou uma elevação de 0,2 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.

No acumulado do ano, a DLSP teve uma alta de 0,1 p.p. do PIB, impulsionada principalmente pelos impactos dos juros nominais (+1,6 p.p.) e pela valorização cambial acumulada de 7,3% (+0,9 p.p.). O superávit primário do período ajudou a reduzir o impacto, com um efeito de -0,7 p.p. sobre a dívida líquida, enquanto a variação do PIB nominal teve um efeito negativo de -1,2 p.p. Também contribuiu para o aumento da dívida líquida o ajuste da dívida externa líquida (-0,4 p.p.).

Perspectivas fiscais

Embora o Brasil tenha apresentado resultados fiscais mais favoráveis em março de 2025, com superávit primário e redução no déficit primário em comparação ao mês anterior, o déficit nominal e o nível de dívida pública continuam a ser desafios significativos para a economia. O aumento dos juros nominais e a elevação da dívida líquida são fatores que demandam atenção das autoridades econômicas, especialmente em um contexto de alta dos juros e incertezas fiscais.

O Banco Central segue monitorando esses indicadores para ajustar as políticas econômicas e manter a trajetória de controle fiscal, ao mesmo tempo em que busca preservar o equilíbrio nas contas públicas frente a um cenário desafiador.