Inflação e juros: Boletim Focus aponta leve alta nas projeções para 2025

© Marcello Casal JrAgência Brasil

 

Mercado financeiro ajusta estimativas para inflação, PIB, Selic e câmbio, com foco na convergência das metas do Banco Central

 

 

 

O mercado financeiro revisou ligeiramente para cima a projeção da inflação para 2025, de acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Banco Central (BC). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, passou de 4,99% na semana passada para 5%. Há quatro semanas, a estimativa era de 4,6%.

O boletim, que reúne análises de economistas de instituições financeiras, também ajustou a projeção da inflação para 2026, passando de 4,03% para 4,05%. Em 2024, o IPCA encerrou em 4,83%, acima do teto da meta de 4,5%. Desde a adoção do regime de metas de inflação, em 1999, o índice superou o limite máximo oito vezes, com o último registro em 2024.

PIB e taxa de juros

As projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 permanecem em 2,02%, conforme o boletim. Para 2026, o mercado espera um crescimento de 1,8%, enquanto 2027 e 2028 devem registrar expansão de 2%.

No que diz respeito à taxa Selic, o Boletim Focus manteve a projeção de 15% para 2025, a mesma da semana anterior. Para 2026, estima-se que a taxa básica de juros fique em 12%. Já para 2027 e 2028, a Selic deve cair gradualmente, para 10,25% e 10%, respectivamente.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fixou a Selic atual em 12,25% ao ano. A alta de 1 ponto percentual no final de 2024 foi justificada pela necessidade de controlar um cenário inflacionário adverso, agravado por reações negativas ao pacote fiscal anunciado pelo governo federal.

Impacto da Selic

A taxa básica de juros é utilizada como instrumento para conter a inflação ao reduzir a demanda. Juros mais altos tornam o crédito mais caro e estimulam a poupança, desacelerando o consumo. Contudo, taxas elevadas também dificultam a expansão econômica, ao encarecer financiamentos e investimentos.

Por outro lado, cortes na Selic tendem a baratear o crédito e estimular a atividade econômica, mas podem enfraquecer o controle sobre os preços, ampliando riscos inflacionários.

Câmbio e dólar

As projeções para a cotação do dólar em 2025 ficaram em R$ 6,00, mantendo o valor da semana anterior. Para 2026, houve uma revisão para cima, com o câmbio previsto em R$ 6,00, contra os R$ 5,90 da projeção anterior. Em 2027 e 2028, o mercado estima o dólar em R$ 5,82 e R$ 5,88, respectivamente.

Cenário econômico desafiador

O Boletim Focus reflete as expectativas de um cenário de desafios para o controle da inflação e a recuperação econômica. A estratégia do Banco Central para alcançar a meta de inflação de 3% para 2025, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%, pode demandar novos ajustes na Selic, com possíveis aumentos nas reuniões de janeiro e março do Copom.

A conjuntura exige um equilíbrio entre o controle da inflação e a preservação do crescimento econômico, com impactos diretos no crédito, no consumo e na previsibilidade do mercado financeiro.