Projeto Formação Médica para o Brasil: Ministra Nísia Trindade ressalta a importância da ética e valores na formação médica
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou nesta segunda-feira (10) a preocupação compartilhada pelos Ministérios da Saúde e da Educação na promoção de uma formação médica abrangente, que vai além dos aspectos técnico-científicos. Durante a abertura do Projeto Formação Médica para o Brasil, em Brasília, a ministra salientou a importância de incluir questões éticas, de valores e compromisso social na formação dos profissionais de saúde.
“Formação médica de qualidade implica também a questão da ética médica, dos valores, do compromisso social. Não há dissociação, a meu ver, entre qualidade técnico-científica e compromisso ético para contribuir para uma formação médica de qualidade”, afirmou a ministra.
O evento, promovido pela Associação Brasileira de Educação Médica, reuniu principalmente profissionais médicos e abordou temas cruciais para o aprimoramento da formação médica no país. Nísia Trindade ressaltou a necessidade de uma formação que una qualidade técnica e ética, preparando os profissionais para atuar tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar e privada.
A ministra também abordou a recente expansão de novos cursos de medicina, expressando preocupação quanto à qualidade desses cursos e a falta de atendimento aos vazios assistenciais em regiões carentes. Ela destacou a importância de um diálogo construtivo entre a classe médica e o poder público para avançar em ações estruturantes.
Contudo, o representante do Conselho Federal de Medicina, Julio Vieira Braga, expressou discordância quanto à viabilidade de interiorizar os cursos de medicina. Ele defendeu a necessidade de garantir qualidade mínima para esses cursos e propôs a adoção de um sistema de avaliação externa e independente, com reconhecimento internacional, para os formados em medicina.
Durante o encontro, foi discutida a importância da fase de estágio na formação dos estudantes de medicina, ressaltando a necessidade de vagas e professores capacitados. O diretor científico da Associação Médica Brasileira, José Eduardo Lutaif Dolci, alertou para a falta de estrutura para estágios e a necessidade de inserir diretrizes curriculares obrigatórias para qualificar os futuros profissionais.
A representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Francisca Valda da Silva, lamentou a falta de atualizações nos cursos de formação para outras profissões de saúde no Ministério da Educação (MEC) e destacou os desafios enfrentados pela sociedade brasileira, incluindo questões demográficas, climáticas, do mundo do trabalho e de equidade.
No mesmo dia, a ministra Nísia Trindade participou da 2ª Conferência Nacional de Planificação da Atenção à Saúde (APS), promovida pelo Conass, onde discutiu os desafios e a importância do fortalecimento da atenção primária na saúde pública brasileira. O evento ocorre em Brasília até quarta-feira (12) e reúne profissionais de saúde de todo o país.
