Reforma ministerial de Lula: peças-chave e táticas no jogo político

 

Lula prioriza o PT na reforma ministerial, desagrada o Centrão e adia mudanças estratégicas

 

A recente movimentação no Palácio do Planalto, marcada pela entrada de Gleisi Hoffmann na articulação política e a substituição de Nísia Trindade por Alexandre Padilha no Ministério da Saúde, evidencia a estratégia do governo Lula para consolidar alianças e pavimentar o caminho para as eleições de 2026. No entanto, a demora em definir novos espaços na Esplanada tem gerado desconforto entre partidos aliados, especialmente o Centrão.

Centrão impaciente A hesitação do governo na distribuição de cargos tem causado irritação em partidos como o PSD, o MDB e o PSB, que aguardam definições para reforçar sua influência no governo. O PSD, em especial, pressiona por maior participação, demonstrando descontentamento com a falta de celeridade na reforma.

Até agora, as mudanças realizadas têm priorizado o PT, como evidenciado pela nomeação de Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social (Secom), substituindo Paulo Pimenta, e a escolha de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais. O objetivo do governo é duplo: reverter a baixa popularidade e garantir a hegemonia petista nas eleições internas do partido, marcadas para julho.

Possíveis novas mudanças A reforma ministerial pode ainda trazer alterações estratégicas. Entre os movimentos estudados, destaca-se a possível substituição de Paulo Teixeira (PT-SP) no Ministério do Desenvolvimento Agrário, abrindo espaço para a volta de Paulo Pimenta ao primeiro escalão. No Ministério das Mulheres, Cida Gonçalves pode ser substituída por Luciana Santos (PCdoB-PE), atualmente à frente da pasta de Ciência e Tecnologia.

Outro nome cogitado para compor o governo é o do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), que pode assumir a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macedo. Essa possível nomeação tem gerado receio no Centrão, que teme um realinhamento do governo exclusivamente à esquerda, o que poderia comprometer a coalizão com partidos do centro e da direita moderada.

Lira e Pacheco: futuro incerto A promessa de Lula de acomodar figuras-chave do Congresso, como Arthur Lira (Progressistas-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda está em aberto. Lira chegou a ser cotado para o Ministério da Agricultura, mas a possibilidade perdeu força, principalmente porque o ex-presidente da Câmara tem se dedicado à sua campanha ao Senado em 2026. Já Pacheco, que pouco tem aparecido publicamente desde que Davi Alcolumbre assumiu a presidência do Senado, segue no páreo para o Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria, atualmente sob comando do vice-presidente Geraldo Alckmin.

A batalha por Ciência e Tecnologia Uma das disputas mais acirradas ocorre em torno do Ministério da Ciência e Tecnologia, uma das pastas com maior orçamento do governo. PSD e PSB travam uma queda de braço pelo comando do ministério, que pode ser entregue a Antônio Brito (PSD-BA), aliado de Gilberto Kassab, ou a Tabata Amaral (PSB-SP), que, além de ter formação técnica na área, representaria um reforço político para o partido.

Com a reforma ainda em curso, Lula enfrenta o desafio de equilibrar interesses internos do PT, demandas de aliados e a necessidade de manter uma base sólida no Congresso. O desenlace desse xadrez político nos próximos meses será crucial para o futuro do governo e para sua capacidade de articulação até 2026.

 

Com informações IstoÉ