Consumo moderado de álcool divide opiniões nos EUA: riscos à saúde ganham destaque

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Pesquisas recentes apontam para impactos negativos mesmo em níveis baixos de consumo, enquanto especialistas pedem mudanças nas recomendações dietéticas e maior conscientização pública

 

 

A maioria dos adultos nos Estados Unidos consome álcool, mas as preocupações sobre os impactos à saúde do consumo moderado têm crescido. Estudos recentes destacam os riscos associados ao álcool, mesmo em pequenas quantidades, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a afirmar que “nenhum nível de consumo de álcool é seguro para a saúde”.

Atualmente, as Diretrizes Dietéticas para Americanos, elaboradas pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos e pelo Departamento de Agricultura dos EUA, recomendam um limite de até duas doses diárias para homens e uma dose para mulheres. No entanto, essas diretrizes serão revisadas em 2025, alimentando o debate sobre como balancear os riscos e potenciais benefícios do álcool.

A ciência por trás dos impactos do álcool

Dois relatórios recentes trouxeram perspectivas divergentes sobre o tema. Um estudo das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina apontou uma ligação moderada entre o consumo de álcool e o aumento do risco de câncer, como de mama e colorretal, enquanto identificou benefícios potenciais, como redução no risco de ataque cardíaco e derrame em quem consome álcool de forma moderada.

Outro relatório, publicado por um painel do Departamento de Saúde dos EUA, confirmou riscos aumentados de câncer e de mortalidade geral associados ao consumo de álcool, mesmo em níveis baixos, mas também relatou uma redução do risco de diabetes em mulheres e de derrame em consumidores moderados.

Para especialistas como a Dra. Katherine Keyes, da Universidade de Columbia, os benefícios identificados em alguns estudos são ofuscados pelos danos. “Embora haja algumas condições que mostram uma relação inversa com o consumo leve de álcool, elas são superadas por condições em que nenhum benefício é observado”, afirmou.

Consciência pública e mudanças no comportamento

A pesquisa também revelou que 74% dos americanos apoiam a inclusão de rótulos de advertência em bebidas alcoólicas para destacar os riscos de câncer. A proposta, defendida pelo Cirurgião Geral Dr. Vivek Murthy, visa conscientizar sobre os cerca de 100.000 casos de câncer anuais relacionados ao consumo de álcool nos EUA.

Por outro lado, 43% dos entrevistados acreditam que o consumo moderado não faz diferença para a saúde, enquanto apenas 8% o consideram benéfico.

Moderação e escolhas informadas

Apesar dos avanços científicos, ainda há lacunas na pesquisa sobre os efeitos do álcool. Para o Dr. Ahmed Tawakol, do Hospital Geral de Massachusetts, mesmo os potenciais benefícios cardiovasculares não justificam o consumo. “Se um medicamento apresentasse os mesmos riscos associados ao álcool, ele não seria aprovado”, destacou.

Enquanto isso, práticas como o “Dry January” (Janeiro Seco), que incentiva a abstinência temporária, têm ganhado popularidade, especialmente entre os mais jovens. Cerca de 1 em cada 8 americanos participou da iniciativa, com 1 em cada 5 adultos abaixo de 45 anos aderindo em algum momento.

Com a revisão das diretrizes dietéticas prevista para 2025, o debate sobre o consumo moderado de álcool promete continuar, reforçando a importância de escolhas conscientes e baseadas em evidências.

 

Com informações da CNN