Pesquisa revela cenário de insatisfação e desafios de saúde entre profissionais da educação municipal de São Paulo

© José Cruz/Agência Brasil

 

Levantamento do Sinesp e Dieese aponta precarização do trabalho e insatisfação em meio a sobrecarga e falta de apoio

 

Uma pesquisa conduzida pelo Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo (Sinesp), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), trouxe à tona a baixa satisfação e os desafios de saúde enfrentados pelos profissionais da educação na capital paulista. Com índice de insatisfação médio de 0,42, em uma escala de 0 a 1, os dados revelam que a saúde é o aspecto mais crítico, com nota de 0,20, refletindo uma realidade marcada pela precarização e sobrecarga.

O Sinesp aponta que as condições de trabalho deterioradas, aliadas à escassez de pessoal e ao excesso de tarefas burocráticas, têm afetado a saúde dos educadores. Apenas 15% dos profissionais afirmaram que não precisaram trabalhar doentes em 2023, enquanto 93% relataram fadiga extrema. Diagnósticos comuns entre os entrevistados incluem estresse (43%), ansiedade (34%) e insônia (25%). “O apoio insuficiente da Secretaria Municipal de Educação e a gestão de pessoas ineficaz agravam ainda mais o desgaste dos profissionais, impactando a qualidade do ensino”, afirmou a presidente do Sinesp, Norma Lúcia Andrade.

A pesquisa, que faz parte da 14ª edição do Índice Sinesp da Educação Municipal (Isem), avaliou aspectos como gestão de pessoas, capacitação, apoio técnico e segurança. Pirituba registrou o pior índice entre as diretorias regionais de ensino, com 0,38, enquanto São Miguel, Freguesia/Brasilândia e Penha tiveram os melhores resultados, com 0,45. O levantamento mostra também que 80% dos entrevistados consideram insuficiente o número de profissionais disponíveis, impactando diretamente o atendimento e a qualidade das aulas.

Embora o índice de segurança tenha sido o mais bem avaliado, com 0,62, o entorno das escolas ainda apresenta desafios sérios. Quase metade dos respondentes relatou problemas relacionados à segurança no ambiente de trabalho, como assaltos e consumo de drogas, sendo a falta de policiamento e vigilância citada por 60%.

O estudo, que contou com 1.535 respondentes, incluindo coordenadores pedagógicos e diretores, será encaminhado à Secretaria Municipal de Educação e às autoridades municipais para embasar políticas e iniciativas que promovam melhorias no sistema educacional público de São Paulo.