
Levantamento mostra que 98% dos cursos de estética não exigem formação médica, mesmo ensinando técnicas de risco como aplicação de fenol e PMMA, gerando preocupações sobre a segurança dos pacientes
Dos 3.532 cursos de estética cadastrados no Sistema de Regulação do Ensino Superior (e-MEC) do Ministério da Educação, 98% não exigem formação em medicina dos participantes, apesar de muitos ensinarem técnicas invasivas e arriscadas, como a aplicação de fenol e polimetilmetacrilato (PMMA). Esses números foram apresentados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) durante o II Fórum do Ato Médico.
O estudo revelou que esses cursos oferecem mais de 1,4 milhão de vagas, sendo 81% destinadas ao ensino à distância. A questão ganhou destaque após a morte do empresário Henrique Chagas, em junho, em um procedimento estético realizado por uma influencer que fez um curso online.
O CFM alertou sobre o aumento de cursos para não médicos e a prática de exercício ilegal da medicina, levando à aprovação de um pacto por representantes dos Três Poderes e entidades médicas para proteger a segurança dos pacientes e defender o ato médico. A entidade enfatizou a importância de seguir a Lei do Ato Médico, que reserva procedimentos invasivos exclusivamente para médicos.
Relatos de complicações envolvendo o uso de PMMA em procedimentos estéticos têm se tornado mais comuns. O CFM lembra que procedimentos como o uso de fenol e PMMA devem ser precedidos de consultas médicas e realizados em ambientes que atendam às normas da Anvisa.
O conselho recomenda que pacientes verifiquem se o profissional é capacitado para realizar tais procedimentos através dos sites do CFM ou do Conselho Regional de Medicina.