Governo apresenta relatório com ações de combate ao racismo no esporte

 

Nesta quinta-feira (3), o governo brasileiro apresentou um relatório contendo recomendações para combater o racismo no âmbito esportivo. O grupo técnico responsável pela elaboração do relatório é composto por membros dos ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e da Justiça e Segurança Pública.

As propostas do grupo visam implementar ações voltadas para entidades esportivas, atletas, torcidas e sistema judiciário.

Monitoramento dos estádios Uma das ações sugeridas é um acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Justiça e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O objetivo é implantar uma ferramenta nos estádios que permita às autoridades públicas identificar os indivíduos que cometem atos racistas durante as partidas de futebol. O secretário de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marivaldo Pereira, explicou que o propósito não é apenas punir, mas principalmente inibir a prática do ato. A utilização da tecnologia tem mostrado que quando as pessoas sabem que podem ser identificadas e que suas ações têm consequências, isso pode desencorajar a prática criminosa. A ferramenta foi testada conceitualmente no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, e o acordo com a CBF deve ser concluído ainda este mês.

Outras medidas A ministra do Esporte, Ana Moser, destacou que outras ações propostas pelos técnicos serão implementadas neste segundo semestre. Algumas delas incluem a confecção de bandeirões em parceria com a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), criação de selo e prêmios para entidades esportivas antirracistas e levantamento de dados sobre racismo nas atividades esportivas.

O grupo técnico também recomenda a implantação de espaços de manifestação para atletas, oferta de atendimento psicológico aos desportistas negros, organização de debates e publicação de cartilhas direcionadas aos torcedores. Além disso, sugere a criação da Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à Violência e à Discriminação no Esporte ou de um órgão similar, bem como a adoção de dispositivos antirracistas no esporte amador, de lazer e escolar.

Segundo Ana Moser, os trabalhos do grupo deverão ser prorrogados por 45 dias.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou que as ações do Programa de Combate ao Racismo no Esporte abrangem diversas realidades, incluindo crianças, jovens, atletas e técnicos que enfrentam diariamente o preconceito e a discriminação. Ela ressaltou a importância de criar condições para que todos tenham acesso aos espaços esportivos, promovendo a igualdade e a inclusão.

O programa busca construir ações concretas em parceria com diferentes ministérios, levando em conta as vozes daqueles diretamente afetados pelo racismo no esporte.