Governo suspende criação da Fundação IBGE+ para revisar modelo institucional

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Decisão é considerada uma vitória por trabalhadores do instituto, que seguem mobilizados

 

 

 

O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) anunciou nesta quarta-feira (29) a suspensão temporária da iniciativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de criar a Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+). A proposta visava promover o desenvolvimento institucional e ampliar as fontes de financiamento do instituto.

Segundo o MPO, a decisão busca avaliar modelos alternativos que possam exigir mudanças na legislação, o que demandará diálogo com o Congresso Nacional. “Frente a esse desafio, estão sendo mapeados modelos alternativos que podem ensejar alterações legislativas, o que requererá um diálogo franco e aberto com o Congresso Nacional”, informou o ministério em nota.

O governo também garantiu que qualquer definição sobre o futuro da fundação será amplamente debatida dentro do Executivo e Legislativo.

Além disso, o MPO reafirmou apoio ao IBGE na formulação do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola, previsto para 2025. O planejamento orçamentário já inclui recursos para garantir o cronograma da pesquisa, incluindo treinamentos e contratações necessárias.

Trabalhadores comemoram suspensão, mas pedem mais garantias

Para o Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE (ASSIBGE), a suspensão temporária da Fundação IBGE+ representa uma conquista da mobilização dos servidores e da sociedade civil.

“No momento, é preciso que a direção do IBGE esclareça o que efetivamente quer dizer com ‘suspensão temporária’ e garanta que os servidores terão voz no debate do arranjo institucional que a direção afirma que buscará com o Executivo e Legislativo”, afirmou a entidade.

O sindicato também criticou o modelo da fundação e reafirmou sua oposição a qualquer proposta que, segundo a entidade, traga riscos institucionais ao IBGE. Uma reunião com a presidência do instituto está marcada para o dia 4 de fevereiro, na qual os trabalhadores buscarão esclarecimentos sobre os próximos passos.

Na manhã desta quarta-feira, a ASSIBGE realizou um ato em frente à sede do IBGE, no Rio de Janeiro, para protestar contra decisões do presidente do instituto, Márcio Pochmann. Além da fundação de direito privado, os servidores contestam medidas que consideram antissindicais e autoritárias tomadas pela atual gestão.

A suspensão da IBGE+ alivia momentaneamente a tensão entre governo e servidores, mas a mobilização dos trabalhadores continua para garantir maior transparência e participação nas decisões que impactam o futuro do instituto.