Reforma Tributária: impactos para pequenas empresas e os desafios da adaptação

 

Mudanças no sistema tributário brasileiro exigem planejamento e preparo antecipado por parte de micro e pequenas empresas para garantir competitividade e sustentabilidade

 

 

A reforma tributária brasileira, com previsão de implementação total até 2033, promete transformar a dinâmica de negócios no país, afetando especialmente micro e pequenas empresas (PMEs). Durante o período de transição, que começa em janeiro de 2026, empreendedores precisarão se adaptar às novas regras para garantir a continuidade de suas operações.

Segundo uma pesquisa da plataforma de gestão Omie, 65% dos líderes de PMEs já identificam que as mudanças terão impactos diretos em seus negócios. Entre as alterações mais significativas está a substituição de cinco tributos por dois novos impostos que comporão o Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

Principais mudanças para as PMEs

Embora pequenos negócios e microempreendedores individuais (MEIs) estejam isentos de novos encargos, a coexistência entre os regimes antigos e novos durante a transição pode aumentar a complexidade fiscal. “A convivência entre os dois regimes tende a impactar especialmente pequenas empresas, que geralmente têm menos recursos para lidar com mudanças estruturais”, afirma Felipe Beraldi, economista da Omie.

Outro desafio é a criação do IVA, que altera o sistema de créditos tributários. O acúmulo de créditos em cada etapa da cadeia será eliminado, forçando empresas do Simples Nacional interessadas em manter créditos integrais a recolherem o IVA separadamente.

Além disso, setores específicos serão expostos ao Imposto Seletivo (IS), ou “Imposto do Pecado”, que incide sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas.

O impacto no B2B e a pressão sobre fornecedores

Empresas que atuam no mercado B2B podem sentir os efeitos indiretamente. Negócios de pequeno porte inseridos em cadeias produtivas podem enfrentar dificuldades, já que perderão a capacidade de oferecer créditos cumulativos aos seus compradores. “Sem uma boa gestão dos créditos tributários, as PMEs podem absorver mais custos, reduzindo sua lucratividade”, explica Liêda Amaral, sócia da BSSP Consulting.

Dicas para adaptação

Especialistas recomendam que os empreendedores comecem a se preparar antes mesmo do início da transição. Confira algumas dicas:

  1. Antecipar a preparação: Acompanhe discussões legislativas e inicie adaptações antes de 2026. “Deixar para a última hora pode comprometer a competitividade e o fluxo de caixa”, destaca Beraldi.
  2. Revisar preços de produtos e serviços: Ajustes graduais na precificação podem minimizar impactos negativos no relacionamento com clientes e fornecedores.
  3. Conhecer os novos tributos: Entenda o funcionamento do IVA e do IS para evitar surpresas fiscais.
  4. Avaliar o regime tributário: Empresas podem optar pelo regime geral de tributação para acumular créditos em totalidade, mas isso demanda maior controle financeiro e planejamento.
  5. Buscar apoio especializado: Consultorias tributárias e tecnologias de gestão, como sistemas ERP, são ferramentas essenciais para enfrentar a complexidade das mudanças.
  6. Capacitar a equipe: Investir no treinamento de funcionários e na familiaridade com novas normas tributárias reduz riscos e aumenta a eficiência na gestão.

Planejamento é essencial

A reforma tributária representa uma oportunidade de modernização, mas também exige atenção e adaptação estratégica. Para os especialistas, o sucesso das PMEs nesse novo cenário dependerá de planejamento, investimento em tecnologia e busca por conhecimento contínuo.

“Empresas que se adaptarem mais cedo terão vantagens competitivas e maior segurança financeira ao longo da transição”, conclui Anderson Trautman Cardoso, sócio do Souto Correa Advogados.