Linha Azul e Gol anunciam plano de fusão

© Tomaz Silva/Agência Brasil

 

Memorando de entendimento prevê criação de gigante que controlará 60% do setor no país

 

 

Nesta quarta-feira (15), as companhias aéreas Azul e Gol assinaram um memorando de entendimento que marca o início das negociações para uma fusão que, caso concretizada, consolidará uma nova gigante do setor aéreo no Brasil, responsável por 60% do mercado nacional. O acordo foi divulgado ao mercado financeiro e depende de condições específicas para avançar, como a conclusão da recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, prevista para abril deste ano.

Estrutura e governança da nova companhia

A futura empresa será estruturada como uma “corporation”, ou seja, uma companhia sem controlador definido, com a holding Abra – que controla a Gol e a Avianca – sendo a maior acionista. O novo conselho terá nove membros: três indicados pela Abra, três pela Azul e três independentes.

O presidente do conselho (chairman) será indicado pela Abra, enquanto o diretor-executivo (CEO) será indicado pela Azul. Com isso, John Rodgerson, atual CEO da Azul, assumirá a liderança da nova companhia, após a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), processo previsto para ser concluído em 2026.

Manutenção das marcas e operação conjunta

Embora as marcas Azul e Gol permaneçam independentes, as companhias poderão compartilhar aeronaves, facilitando a conexão entre grandes cidades e destinos regionais. Essa integração visa maximizar a eficiência operacional sem a necessidade de novos investimentos financeiros.

A Azul continuará adquirindo aeronaves da Embraer e buscará sinergias em voos internacionais, enquanto ambas as companhias se concentram na melhor utilização de seus ativos existentes.

Condicionalidades e desafios financeiros

Um dos principais entraves para a concretização da fusão é o limite de alavancagem das empresas, que não poderá exceder o indicador atual da Gol ao término da recuperação judicial. A Gol informou que pretende reduzir sua alavancagem para 4,5 vezes até abril deste ano, frente aos 5,5 registrados no terceiro trimestre de 2024.

Impacto no mercado

A união entre Azul e Gol representa uma transformação significativa no setor aéreo brasileiro, consolidando a posição das companhias em um mercado altamente competitivo. No entanto, o avanço do plano dependerá de fatores regulatórios, financeiros e operacionais nos próximos anos, enquanto as empresas aguardam a aprovação das autoridades reguladoras.

A expectativa é que a fusão proporcione maior conectividade para os passageiros e aumente a eficiência operacional, mas também levanta questões sobre concorrência no setor e impacto nos preços das passagens.