Eleições presidenciais nos EUA: O Processo de escolha dos candidatos

 

Por Carlos Arouck

As eleições presidenciais nos Estados Unidos vão muito além do simples ato de votar. Envolvem múltiplas etapas, regras variadas entre estados e uma série de processos que, juntos, formam um sistema único e intrincado. Este artigo traz uma visão acessível sobre como se dá essa eleição, desde a escolha dos candidatos nas primárias até a complexidade do Colégio Eleitoral, abordando também alguns pontos sobre a integridade e transparência do processo.

Diferentemente de muitos países, o presidente dos EUA não é eleito diretamente pelo voto popular. Em vez disso, o sistema americano utiliza o Colégio Eleitoral, uma instituição criada para representar os estados de forma proporcional à sua população. Cada estado possui um número de delegados, equivalente ao total de senadores e representantes na Câmara, que reflete sua representatividade no Congresso.

Para se eleger, um candidato precisa conquistar pelo menos 270 dos 538 votos do Colégio Eleitoral. Dessa forma, os eleitores, ao votarem, escolhem na prática os delegados que, em dezembro, darão seu voto oficial no presidente e vice-presidente. Essa estrutura, embora visasse originalmente garantir equilíbrio entre estados de diferentes tamanhos, gera discussões sobre sua efetividade e representatividade nos dias de hoje.

Além do “Dia da Eleição”, realizado na primeira terça-feira de novembro, os eleitores nos EUA contam com opções que facilitam o exercício do voto:
Votação Antecipada: Diversos estados permitem que os cidadãos votem presencialmente semanas antes do dia oficial, evitando filas e facilitando o acesso para quem tem limitações de horário ou compromissos no dia oficial.
Votação pelo Correio: Oferece a possibilidade de o eleitor receber a cédula em casa e devolvê-la pelos Correios. Esse método é especialmente útil para quem estará fora do estado ou tem dificuldade de locomoção. Cada estado possui regras próprias para o voto por correio: alguns autorizam qualquer eleitor a usá-lo, enquanto outros exigem justificativas específicas
Antes da eleição geral, os partidos realizam primárias e caucuses para definir seus candidatos:
Primárias: São semelhantes a uma eleição tradicional, onde eleitores escolhem o candidato do partido. Podem ser fechadas, exclusivas para eleitores registrados naquele partido, ou abertas, permitindo a participação de qualquer eleitor.
Caucuses: Encontros locais onde eleitores debatem e votam publicamente. Esse formato, menos comum, ocorre apenas em alguns estados, demandando mais engajamento dos participantes, que discutem sobre os candidatos antes de votar.
Ao final das primárias, ocorre a Convenção Nacional de cada partido, onde os delegados oficializam o candidato à presidência. No Partido Democrata, há ainda os superdelegados, líderes influentes com voto independente, o que adiciona uma camada extra de complexidade ao processo.

Desde a eleição de 2020, surgiram discussões sobre fraudes associadas ao voto por correio e ao uso de máquinas de votação, principalmente após alegações que geraram investigações e auditorias. No entanto, até o momento, não foram encontradas evidências de fraudes substanciais que comprometessem os resultados.

Outro tema delicado é o gerrymandering, prática em que os limites dos distritos eleitorais são redesenhados para favorecer um partido específico. Embora o gerrymandering não afete diretamente a eleição presidencial, impacta a composição do Congresso e de assembleias estaduais, gerando uma percepção de manipulação e desigualdade na representação.

O sistema eleitoral americano é complexo, misturando métodos de votação variados e um sistema de representação indireta que, apesar das críticas, visa garantir a legitimidade e representatividade do processo. As discussões sobre a integridade do sistema, somadas à diversidade política e cultural refletida nas primárias, demonstram a necessidade de um sistema transparente e adaptável. As eleições de 2024 reforçam a importância de uma compreensão ampla sobre o processo, pois a escolha do presidente impacta profundamente o futuro do país e o cenário geopolítico global.
Este panorama revela a intricada realidade das eleições nos EUA e os desafios que ainda precisam ser superados para fortalecer a confiança pública e assegurar uma democracia sólida e representativa.

Nas eleições de 2024, o cenário político está ainda mais polarizado. A decisão do presidente Biden de não se candidatar e a escolha de Kamala Harris como candidata democrata indicam uma estratégia de continuidade do partido. Do lado republicano, Donald Trump mantém forte apoio na base, apesar das controvérsias. A disputa promete ser acirrada, refletindo as profundas divisões ideológicas que marcam a política americana atual.