Tesouro Nacional Divulga Dados e Anuncia Revisão do Plano Anual de Financiamento
A Dívida Pública Federal (DPF) alcançou R$ 7,067 trilhões em junho, representando um aumento de 2,25% em relação ao mês anterior, quando estava em R$ 6,912 trilhões. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional nesta segunda-feira (26). Com esse crescimento, a DPF já atingiu o patamar previsto para o ano. Conforme o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no final de janeiro, o estoque da dívida pública deve encerrar 2024 entre R$ 7 trilhões e R$ 7,4 trilhões.
Helano Borges Dias, coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, informou que em agosto a equipe econômica discutirá os parâmetros do PAF para avaliar a necessidade de revisão do plano. “O que a gente tem planejado é para cumprir o PAF. Evidentemente, o cenário mudou muito ao longo do ano”, disse em uma coletiva virtual para apresentar os dados.
Aumento da Dívida e Contexto Internacional
A dívida pública interna (DPMFi) subiu 1,93%, passando de R$ 6,626 trilhões em maio para R$ 6,754 trilhões em junho. Em junho, o Tesouro emitiu R$ 72,36 bilhões em títulos a mais do que resgatou, principalmente papéis corrigidos pela taxa Selic. A dívida também aumentou devido à apropriação de R$ 55,51 bilhões em juros, com a Selic em 10,5% ao ano.
No mercado externo, a Dívida Pública Federal externa (DPFe) subiu 9,86%, passando de R$ 285,47 bilhões em maio para R$ 313,61 bilhões em junho, influenciada pela alta do dólar. Borges Dias explicou que sinais de cortes na taxa de juros do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, podem reduzir a pressão sobre a dívida pública brasileira, que tem parte indexada ao câmbio.
Estratégias de Emissão e Colchão da Dívida
Em junho, o Tesouro emitiu R$ 83,25 bilhões em títulos da DPMFi. A maior parte, R$ 49,65 bilhões (59,63%), foi para atender à demanda de títulos corrigidos pela Selic. Títulos com remuneração prefixada e indexados a índice de preços também foram emitidos. Os resgates totalizaram R$ 10,89 bilhões.
O colchão da dívida pública, uma reserva financeira usada em momentos de turbulência, subiu 7,05%, passando de R$ 1,031 trilhão em maio para R$ 1,104 trilhão em junho. Atualmente, essa reserva cobre 8,20 meses de vencimentos da dívida pública.
Composição da Dívida e Participação dos Investidores
A composição da DPF mudou levemente, com a participação da DPMFi reduzida de 95,87% em maio para 95,56% em junho, enquanto a DPFe aumentou de 4,13% para 4,44%. A proporção de papéis corrigidos pela Selic caiu ligeiramente, de 43,78% para 43,74%. Já a participação dos títulos prefixados e corrigidos pela inflação também se reduziu levemente.
O prazo médio da DPF diminuiu de 4,08 anos para 4,02 anos, indicando o intervalo médio em que o governo leva para refinanciar a dívida pública. As instituições financeiras continuam sendo os principais detentores da DPF interna, seguidas pelos fundos de pensão e fundos de investimento. A participação dos investidores estrangeiros aumentou de 9,76% em maio para 10,03% em junho.
Através da dívida pública, o governo toma dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos financeiros, comprometendo-se a devolver os recursos com correção, que pode seguir a taxa Selic, a inflação, o dólar ou ser prefixada.