Comércio brasileiro recupera nível de emprego pré-pandemia após três anos

São Paulo - Lojas reabertas no Shopping Light após início da fase de transição do Plano São Paulo para combate à covid-19, que permite o funcionamento das lojas de shopping centers das 11h às 19h.

 

Setor comercial empregou 10,3 milhões de pessoas em 2022, superando números de 2019, mas ainda abaixo do pico histórico

 

 

 

As empresas do setor de comércio no Brasil levaram três anos para recuperar o nível de emprego que tinham antes da pandemia de covid-19, de acordo com a Pesquisa Anual de Comércio divulgada nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2022, o comércio brasileiro empregou 10,3 milhões de pessoas, número que supera em 157,3 mil o contingente de 2019, o último ano antes da pandemia. No entanto, o setor ainda não atingiu o pico histórico de 10,6 milhões de empregados registrado em 2014.

Crescimento no Emprego e Segmentos de Atuação

“Estamos longe do valor da máxima histórica, mas houve crescimento, depois de 2020, em todos os anos, aumento do número de pessoas ocupadas”, avaliou o pesquisador do IBGE Marcelo Miranda Freire Melo. A pesquisa abrange empresas de 22 setores divididos em três grandes segmentos: comércio varejista, comércio por atacado e comércio de veículos, peças e motocicletas.

O comércio varejista liderou a ocupação de trabalhadores com 7,6 milhões de empregos em 2022. O atacado empregou 1,9 milhão de pessoas, o maior número da série histórica, enquanto o comércio de veículos automotores, peças e motocicletas contratou 846,2 mil trabalhadores. O segmento de hiper e supermercados se destacou individualmente, empregando 14,8% dos ocupados, equivalente a 1,5 milhão de pessoas.

Receita e Contribuição ao PIB

O levantamento do IBGE identificou 1,4 milhão de empresas operando em 1,6 milhão de endereços, com uma receita líquida operacional de R$ 6,7 trilhões em 2022. O valor adicionado bruto dessas empresas, que representa a contribuição ao Produto Interno Bruto (PIB) do país, foi de R$ 1,1 trilhão. A maior parte da receita (51%) foi gerada pelo comércio por atacado, seguido pelo comércio varejista (40,2%) e pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (8,8%).

Segundo o IBGE, a atividade comercial é um importante termômetro da economia, refletindo os ciclos econômicos e as variações na renda das famílias e nas condições de oferta de crédito.

Remuneração e Salário Médio

As 10,3 milhões de pessoas empregadas no comércio em 2022 receberam R$ 318 bilhões em salários e outras remunerações. O salário médio do setor chegou a dois salários mínimos em 2022, um recorde na série histórica. Este aumento foi influenciado pelo crescimento do salário médio no segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas.

Em 2022, o comércio por atacado apresentou o maior salário médio, de 2,9 salários mínimos, seguido pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (2,3) e pelo comércio varejista (1,7).

Expansão do Comércio Virtual

A pandemia de covid-19 provocou mudanças profundas na atividade econômica, refletidas no crescimento do comércio virtual. O número de empresas que adotaram o comércio pela internet quase dobrou, passando de 1,9 mil em 2019 para 3,4 mil em 2022, um aumento de 79,2%. O percentual de empresas do varejo que vendiam pela internet aumentou de 4,7% em 2019 para 8% em 2022.

Apesar do aumento no número de empresas que adotaram o comércio virtual, houve uma redução na receita bruta do varejo pela internet no último ano investigado. Em 2019, esse patamar era de 5,3%, subindo para 9,1% em 2021 e caindo para 8,4% em 2022. Segundo o pesquisador do IBGE Marcelo Melo, essa queda não indica necessariamente uma redução no comércio virtual, mas sim um retorno às compras presenciais.

Desempenho Regional e Estadual

O Sudeste liderou o setor em receita bruta de revenda, número de unidades locais, pessoal ocupado e remunerações, representando 50,6% do pessoal ocupado em 2022 e 54,6% do total de salários. O Norte ficou na outra ponta, com 3,5% das vagas e 3,2% das remunerações.

Em termos de estados, São Paulo liderou com 28,6% de participação, seguido por Minas Gerais (10%), Paraná (8,2%), Rio Grande do Sul (6,8%) e Santa Catarina (6,5%). O Rio de Janeiro caiu da terceira posição em 2013 para a sexta em 2022, enquanto o Mato Grosso subiu do 11º para o sétimo lugar no mesmo período, destacando-se no comércio por atacado.

Marcelo Melo destaca que a mudança de posição no ranking de participação não significa necessariamente que o comércio de uma unidade federativa está caindo e o de outra está crescendo, mas sim que um estado pode estar crescendo em velocidade maior que outros.