Pesquisadores alertam sobre riscos para a saúde dos astronautas em missão a Marte

Imagem obtida pelo Rover Curiosity Mars da Nasa que mostra diferentes momentos do dia Nasa

 

Estudo revela que radiação cósmica pode causar sérios danos renais em voos espaciais prolongados

 

 

 

A agência espacial americana (Nasa) planeja realizar a primeira missão tripulada a Marte até 2040. No entanto, a ambiciosa empreitada pode acarretar sérias complicações de saúde para os astronautas envolvidos. Um grupo de 105 pesquisadores conduziu uma série de testes que indicam que a viagem ao Planeta Vermelho pode resultar em graves problemas renais.

O estudo, publicado na revista científica Nature, combinou a análise de dados de humanos e ratos que participaram de voos espaciais com informações de testes em ratos expostos a simulações da Radiação Cósmica Galáctica (GCR, na sigla em inglês). Este é o maior estudo já realizado sobre a saúde dos rins em voos espaciais, segundo uma das universidades envolvidas na pesquisa.

“Sabemos o que aconteceu com os astronautas em termos de aumento de problemas de saúde, como pedras nos rins, nas missões espaciais relativamente curtas realizadas até agora. O que não sabemos é por que esses problemas ocorrem nem o que vai acontecer com os astronautas em voos mais longos, como a missão proposta a Marte,” disse Keith Siew, um dos autores do estudo, à University College London.

Até agora, a maior parte das missões espaciais ocorreu em Órbita Baixa, onde os tripulantes foram parcialmente protegidos pelo campo magnético da Terra. Apenas as 24 pessoas que foram à Lua ficaram expostas à radiação cósmica, mas por um curto período de tempo, entre seis e 12 dias. Para entender como o corpo humano se comportaria em um período mais prolongado, os pesquisadores expuseram os animais a doses simuladas de radiação equivalentes a missões espaciais de um ano e meio a dois anos e meio.

Os resultados mostraram que os ratos sofreram danos permanentes nos rins. “Se não desenvolvermos novas maneiras de proteger os rins, eu diria que um astronauta até pode chegar a Marte, mas ele pode precisar de diálise na viagem de volta,” alerta Siew. A diálise é um tratamento indicado para pessoas com problemas renais.

Os dados indicam que os rins podem ser “remodelados” e encolher devido às condições espaciais. Além da exposição à radiação, a microgravidade também pode contribuir para o fenômeno. No entanto, o estudo não chegou a uma conclusão definitiva sobre a causa exata das complicações renais.

Para Stephen B. Walsh, outro pesquisador envolvido, uma possível solução é o desenvolvimento de novos medicamentos. “À medida que aprendemos mais sobre a biologia renal, pode ser possível desenvolver medidas tecnológicas ou farmacêuticas para facilitar viagens espaciais prolongadas,” diz Walsh.

Os resultados do estudo destacam a necessidade de avanços na proteção da saúde dos astronautas, especialmente em missões de longa duração como a proposta ida a Marte. A Nasa e a comunidade científica continuarão a investigar e desenvolver soluções para mitigar os riscos associados às viagens espaciais prolongadas, visando garantir a segurança e o sucesso das futuras missões interplanetárias.