Sal-gema e sua extração gerou problemas em Maceió

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Prefeitura decreta situação de emergência devido ao iminente colapso em mina explorada pela Braskem

 

 

A cidade de Maceió vive dias de tensão após a prefeitura decretar situação de emergência diante do iminente colapso em uma das minas de sal-gema exploradas pela petroquímica Braskem no bairro do Mustange. Esse episódio é mais um capítulo de uma saga que começou em 2018, quando afundamentos foram registrados em cinco bairros, forçando cerca de 60 mil moradores a deixarem suas casas.

O risco iminente de colapso em uma das 35 minas sob responsabilidade da Braskem foi detectado devido ao avanço no afundamento, monitorado pela Defesa Civil de Maceió. A petroquímica reconhece a possibilidade de um grande desabamento na área, alertando que também existe a chance de o solo se acomodar. Um eventual colapso pode resultar em um tremor de terra e abrir uma cratera maior que o estádio do Maracanã, com consequências ainda incertas. O governo federal está acompanhando a situação.

Mas o que é o sal-gema? Diferente do sal de cozinha comum, obtido do mar, o sal-gema é encontrado em jazidas subterrâneas formadas há milhares de anos pela evaporação de porções do oceano. Este tipo de cloreto de sódio é acompanhado por uma variedade de minerais.

Designado também por halita, o sal-gema é utilizado comercialmente, inclusive no sal extraído no Himalaia, conhecido por sua tonalidade rosa. No entanto, além de ser utilizado na cozinha, o sal-gema é uma matéria-prima versátil para a indústria química, empregado na produção de soda cáustica, ácido clorídrico, bicarbonato de sódio, sabão, detergente e pasta de dente.

A exploração de sal-gema, como de outros minerais, depende de licenciamento ambiental e é fiscalizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM). O Brasil é um ator relevante no mercado internacional, com 7 milhões de toneladas em 2002. No entanto, os líderes mundiais são China, Índia e Estados Unidos, com produções muito mais robustas.

Em Maceió, a exploração teve início em 1976 pela Salgema Indústrias Químicas, posteriormente estatizada e privatizada, tornando-se, em 2002, a Braskem. A exploração envolvia a escavação de poços até a camada de sal, onde água era injetada para dissolver o sal-gema e formar uma salmoura, trazida à superfície. O problema surgiu por vazamento dessa solução, resultando em afundamentos nos bairros em 2018.

Após novos tremores, a Braskem encerrou a exploração em 2019, pagando R$ 3,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros. Moradores buscam reparação por meio de processos judiciais, e o caso é objeto de ações movidas pelo Ministério Público Federal.