Vacinação em bebês prematuros necessita de atenção especial

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Crianças pré-termo devem tomar vacina hexavalente. Imunização é importante para evitar risco de contrair doenças imunopreveníveis

 

 

A imunização durante os primeiros meses de vida de uma criança é fundamental e, para os prematuros, ela adquire uma importância ainda maior. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as taxas de atraso vacinal nestes casos variam de 30% a 70%, com tempo médio de 6 a 40 semanas em diversas vacinas. A falta dessa proteção aumenta o risco de bebês, que já possuem o sistema imunológico sensível, adoecerem.

A imunização de prematuros pode ocorrer ainda durante a internação e, após a alta, na Unidade Básica de Saúde de referência | Foto: Divulgação/Agência Saúde-DF

Considera-se uma criança prematura (pré-termo) aquela que nasceu antes das 37 semanas. Entre 34 e 36 semanas, elas são consideradas prematuros limítrofes. Os nascidos entre 29 e 33 semanas são prematuros moderados e, os com menos de 28, prematuros extremos. Nesses casos, é comum as internações em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (Utin) ou nas Unidades de Cuidados Intermediários Neonatais (Ucin).

“Com o aumento da eficiência nas Utin, há um número crescente de crianças pré-termo de idade gestacional menor que 31 semanas sobrevivendo, mas necessitando de maiores cuidados em sua imunização”Tereza Luíza Pereira, chefe do Núcleo da Rede de Frio

“O pré-termo apresenta peculiaridades do desenvolvimento imunológico que requerem observação específica e, eventualmente, imunobiológicos especiais”, esclarece a chefe do Núcleo da Rede de Frio da Secretaria de Saúde (SES-DF), Tereza Luiza Pereira. “Com o aumento da eficiência nas Utin, há um número crescente de crianças pré-termo de idade gestacional menor que 31 semanas sobrevivendo, mas necessitando de maiores cuidados em sua imunização”, complementa a especialista.

Foi o caso da pequena Alice, filha de Luana Guimarães, 35 anos. Ela nasceu de 34 semanas e cinco dias no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e, após a alta em maio deste ano, continua em observação médica multidisciplinar para acompanhar o desenvolvimento. “Gosto da assistência e tenho visto muitas melhorias. Se não fossem os conselhos e o apoio da equipe de saúde, não teria conseguido. É a minha primeira filha prematura”, conta a mãe. A bebê é assistida por fonoaudióloga, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e médicos neonatais, todos do HRC.

Cuidado integral

O método Canguru é dividido em três etapas. A primeira começa no pré-natal, com a identificação da gestação de risco e a internação hospitalar, na qual o recém-nascido é assistido na Utin e/ou na Ucin.

O aumento da eficiência dos cuidados neonatais permite, hoje, que crianças prematuras menores de 31 semanas sobrevivam cada vez mais | Foto: Breno Esaki/Agência Saúde-DF

Depois de atingirem alguns critérios específicos, mãe e bebê são transferidos à segunda fase: a Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (Uinca). Nela, permanecem juntos 24 horas por dia, o que faz com que os laços familiares se fortaleçam e a mãe passe a adquirir segurança em relação aos cuidados, permitindo a alta para casa.

O acompanhamento multidisciplinar recebido pela filha de Luana é parte da terceira etapa do método, denominado follow-up – quando a mãe recebe as orientações médicas, inclusive sobre a vacinação. Alice, por exemplo, seguindo os cuidados da prematuridade, está com as vacinas em dia.

Na rede de saúde, a imunização do prematuro pode ocorrer ainda durante a internação e, depois da alta hospitalar, na Unidade Básica de Saúde (UBSs) de referência. A única exceção é a vacina hexavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo B, poliomielite e hepatite B. A dose está disponível para aplicação apenas nas unidades do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), serviço destinado ao atendimento de indivíduos portadores de quadros clínicos específicos.

No Distrito Federal, há cinco salas que oferecem imunobiológicos especiais:
– Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib)
– Hospital Regional da Asa Norte (Hran)
– Hospital Regional da Ceilândia (HRC)
– Hospital Regional de Taguatinga (HRT)
– Hospital Regional do Gama (HRG)

Vacinação específica

Entre as principais particularidades da vacinação de prematuros, incluem-se:
– Hepatite B: em bebês que nascem com menos de 33 semanas ou com menos de 2 quilogramas, essa vacina deve ser aplicada em quatro doses, ao invés de três
– BCG: para ser administrada, o prematuro precisa estar com, no mínimo, 2 kg
– Tríplice bactéria (DTP): a recomendação aos prematuros é o uso de vacinas acelulares, desenvolvidas com partículas e não com células inteiras. Isso permite que as reações à vacina sejam menos frequentes e bem mais leves. Atualmente, bebês com menos de 1kg ou abaixo de 33 semanas de gestação têm direito a receber a vacina hexavalente nos Crie, em que o componente pertusis é acelular e protege contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo B, poliomielite e hepatite B
– Anticorpo monoclonal específico contra o VSR (palivizumabe): apesar de não ser exatamente uma vacina, mas uma imunoglobulina, a SBP a incluiu nas recomendações vacinais de prematuros
– O palivizumabe é um anticorpo que induz a imunização em combate ao vírus sincicial respiratório (VSR), contra o qual ainda não existe imunizante. Exclusivo a prematuros, sua aplicação depende da idade gestacional e ocorre em doses mensais, de acordo com o peso da criança, durante o período de maior circulação do vírus.

Devido a peculiaridades do desenvolvimento imunológico, bebês prematuros requerem observação e imunobiológicos especiais | Foto: Breno Esaki/Agência Saúde-DF

Em casos específicos, as crianças pré-termos também precisam tomar as seguintes imunoglobulinas:
– Imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB): voltada a recém-nascidos de mães portadoras do vírus hepatite B. Deve-se aplicar, de preferência, entre as primeiras 12 e 24 horas de vida, até o sétimo dia de vida do bebê
– Imunoglobulina humana antivaricela zóster (IGHVZ): recomendada nas primeiras 96 horas de vida de prematuros nascidos entre 28 e 36 semanas de gestação expostos à catapora, quando a mãe tiver história negativa para a doença; e a bebês nascidos com menos de 28 semanas de gestação ou com menos de 1 kg expostos à varicela, independentemente da história materna
– Imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT): sugerida a recém-nascidos prematuros com lesões de risco para tétano, independentemente da história vacinal da mãe
– Além destas, a vacinação dos bebês prematuros deve seguir o disposto no Programa Nacional de Imunização, conforme orientação médica, devendo considerar a idade cronológica da criança

Outros cuidados

A vacinação infantil é fundamental para que o organismo crie anticorpos contra diversas doenças, mas outros tipos de cautela são necessários durante a prematuridade.

Após a alta hospitalar, os cuidados com os bebês prematuros são os mesmos aplicados àqueles com mais de 37 semanas e um dia. Entre as precauções estão: não colocar a criança para dormir de barriga para baixo, evitar deixá-la em lugares fechados e com aglomerações, entre outros.

“Devido ao desenvolvimento imunológico mais frágil dos bebês prematuros, é extremamente importante evitar contato com pessoas que apresentem infecções respiratórias, por exemplo. Estimular a amamentação e manter a carteira de vacina em dia são dois diferenciais para garantir uma recuperação mais rápida”, explica a Referência Técnica Distrital em Pediatria da SES-DF, Julliana Macêdo.

 

 

*Com informações da SES-DF