
Um grupo de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de outras instituições de 53 países assinaram uma carta em que alertam para a possibilidade de aumento de casos de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, no próximo verão. Diante desse cenário, eles defendem a necessidade de implantar uma vigilância genômica mundial para esses vírus endêmicos de alto impacto.
A proposta do grupo é utilizar o modelo e a infraestrutura de monitoramento que foram implementados durante a pandemia de covid-19, com o objetivo de identificar e rastrear o surgimento e a disseminação desses arbovírus. O Brasil, junto com algumas nações asiáticas, é apontado como um dos países com o maior número de casos de dengue, tornando esses vírus da dengue, Zika e chikungunya prioritários para um reforço no monitoramento.
Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazônia e um dos autores do estudo, destaca que é importante estar preparado para adotar medidas de combate caso aconteça a reintrodução ou chegada de novas linhagens desses vírus. Ele também ressalta a previsão do fenômeno El Niño para o próximo ano, o que pode aumentar os casos de arboviroses devido às variações climáticas que afetam a transmissão dos vetores.
A carta, assinada por 74 pesquisadores, foi publicada na revista científica The Lancet Global Health e aborda a importância da qualidade dos dados genômicos disponíveis sobre esses arbovírus e a necessidade de agilidade no compartilhamento dessas informações entre os cientistas e gestores de saúde. A utilização de plataformas de compartilhamento de dados é ressaltada como fundamental para permitir análises rápidas e oportunas de novos surtos, visando uma resposta eficaz e coordenada para enfrentar as arboviroses.