
Com a célebre frase de Milton Santos – “Não é o passado que constitui a nossa âncora como aprendemos e, quem sabe, ensinamos. A nossa âncora é o futuro.” – dita em uma palestra na Universidade de São Paulo (USP) em 1994, o Itaú Cultural inaugura sua mais nova exposição: “Ocupação Milton Santos”.
A mostra, que teve sua abertura realizada na noite da última quarta-feira (19), reúne mais de 150 peças, incluindo fotos, vídeos, livros e textos do homenageado, um dos maiores intelectuais brasileiros, reconhecido por suas contribuições para a renovação da geografia no país.
A exposição traz à tona a vida e a obra do professor Milton Santos, destacando como ele abordava as diversas camadas da sociedade e enfatizando seu conceito de um modelo de transformação vindo de baixo para cima, em movimento pelas periferias. Segundo Jader Rosa, gerente do Observatório do Itaú Cultural, responsável pela curadoria da mostra, a pauta de geografia nas escolas tem sido focada principalmente no território, relevo e questões espaciais, mas Milton Santos possui uma amplitude no debate que torna sua figura controversa.
Com formação em direito e atuação como jornalista, professor, geógrafo e gestor público, Milton Santos consolidou sua obra ao olhar para a geografia além do território, compreendendo o espaço em constante movimento e transformação, sempre destacando o lugar do cidadão e suas múltiplas economias e territórios.
A exposição “Ocupação Milton Santos” começa com um vídeo de dois minutos contendo a frase marcante do homenageado e prossegue destacando seu processo criativo através de manuscritos, textos datilografados e livros de sua autoria. Há também um painel biográfico que conta sua história por meio de fotos, depoimentos em vídeo, matérias de jornais e objetos pessoais, incluindo uma foto de Santos recebendo o Prêmio Vautrin Lud, considerado o Nobel da geografia, e uma mala de viagem que ele utilizava durante seus anos de exílio durante a ditadura militar brasileira.
A mostra ainda aborda a questão racial, destacando que, embora Milton Santos não fosse militante, ele sempre vivenciava essa pauta e participava de congressos e debates sobre questões étnico-raciais.
Encerrando a exposição, há uma projeção de um mapa representando a cidade onde Milton Santos nasceu, Brotas de Macaúba, e a relação entre sua obra e a periferia, demonstrando sua importância para a construção do futuro.
Além do espaço expositivo, a “Ocupação Milton Santos” conta com outras atividades, incluindo o curso “Milton Santos: cidadão do mundo e geógrafo das quebradas”, que apresenta aspectos da vida e obra do homenageado e seus principais conceitos e ideias, fornecendo subsídios para práticas pedagógicas em sala de aula.
A exposição “Ocupação Milton Santos” estará em cartaz até o dia 8 de outubro e conta com entrada gratuita. O Itaú Cultural também disponibiliza plataformas digitais com curso para professores, biografia de Santos na plataforma Ancestralidades e um documentário de Silvio Tendler, contando a trajetória do professor. Mais informações podem ser obtidas no site do Itaú Cultural.
Com informações da Agência Brasil