Congressistas evangélicos e da bancada agropecuária divergem sobre o tema.
Por Bruno Goes
O projeto que permite o plantio de maconha no país para fins medicinais opõe duas das mais importantes bancadas temáticas da Câmara. Enquanto a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) vê a proposta “sem preconceitos” e pode em breve fechar uma posição a favor do texto, parlamentares da bancada evangélica já estão mobilizados para fazer obstrução caso a iniciativa seja incluída na pauta pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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Relatado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o projeto tem apoio entre líderes de oposição e algumas legendas de centro para ser votado em breve. De acordo com Teixeira, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), se comprometeu a não atrapalhar o encaminhamento do tema.
Na última terça-feira, Teixeira reuniu parlamentares para tentar fazer avançar a pauta. O texto elaborado por comissão especial está quase pronto. Mas ainda há resistência da parte mais conservadora da Casa.
— Cerca de 95 por cento da bancada evangélica é contra e vamos fazer obstrução. Espero que o Rodrigo Maia não paute em momento de pandemia, porque em nenhum momento houve acordo para votar um tema polêmico como esse de forma remota — diz Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), responsável por representar a frente nas tratativas sobre o projeto.
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O deputado afirma que não é contra o medicamento em si, mas sim a possibilidade de plantio no país.
— Se o governo é a favor do medicamento, que dê o remédio de graça para a população, baixe a zero todas as tarifas de importação. Mas plantar? Como vão fazer o controle do que vai ser destinado a medicamento ou não, num país deste tamanho? Isso é uma brincadeira — diz Cavalcante.
Já o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) afirma que a FPA terá uma reunião no dia 8 de setembro para avaliar o projeto. Integrantes da bancada devem tomar uma posição formal sobre o assunto. Como há possibilidade de que a cultura da planta seja rentável a produtores, não há oposição.
— Temos que ver esse assunto sem preconceito. E seria bom também que os partidos de esquerda olhassem para o tema dos defensivos agrícolas sem preconceito — diz Moreira.
Fonte: O GLOBO.COM