
Suspeito já tem antecedentes por roubo e tráfico; polícia pede prisão temporária enquanto investiga participação do PCC no crime
A Polícia de São Paulo identificou um dos suspeitos de envolvimento na execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros na última segunda-feira (15) em Praia Grande (SP). A informação foi confirmada nesta terça-feira (16) pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, durante entrevista coletiva no velório do ex-agente, realizado na Alesp.
Segundo Derrite, a identidade do homem foi descoberta a partir de material encontrado em um dos carros usados no crime. A corporação já solicitou a prisão temporária do suspeito, que possui antecedentes por roubo e tráfico.
“É fundamental que consigamos realizar a prisão para capturar todos os envolvidos”, afirmou o secretário.
Relembre o caso
Fontes, considerado um dos principais inimigos do PCC, foi vítima de uma emboscada quando dirigia um Fiat Argo preto. Ele foi perseguido por criminosos em uma SUV e, após colidir com um ônibus, atingido por disparos de fuzil. Segundo a Polícia Militar, o ex-delegado chegou a reagir e pode ter baleado um dos criminosos.
As investigações apontam que a ação pode ter sido organizada pela Sintonia Restrita, braço armado do PCC, conhecido por planejar ataques contra autoridades como o ex-juiz Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya. Outra hipótese apurada é a ligação com interesses em uma licitação da prefeitura de Praia Grande.
Trajetória de Ruy Ferraz
Com mais de 40 anos de carreira, Ruy Ferraz Fontes chefiou a Polícia Civil de São Paulo entre 2019 e 2022. Foi responsável, em 2006, por indiciar toda a cúpula do PCC, incluindo Marcola. Também comandou o Denarc, o Deic e o DHPP, além de ter liderado investigações contra narcotraficantes como Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho.
Atualmente, Fontes ocupava o cargo de secretário de Administração em Praia Grande. Ele já havia sido alvo de plano de assassinato em 2010, também atribuído ao PCC.
A Adepol classificou o crime como uma “tragédia de proporções inenarráveis”, enquanto o Sindpesp criticou o enfraquecimento da Polícia Civil, que, segundo a entidade, dá espaço para o avanço do crime organizado.