
Igor Cabral afirma ter sido espancado por agentes penitenciários após ser transferido de unidade; caso é investigado pela Seap e pela Polícia Civil
O ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, denunciou ter sido agredido por agentes penitenciários após sua transferência para a Cadeia Pública Dinorá Simas, em Ceará-Mirim (RN), na última sexta-feira (1º). Preso por espancar a namorada dentro de um elevador em Natal, o acusado afirma que foi alvo de ameaças, agressões físicas e abuso de autoridade.
Segundo relato registrado em boletim de ocorrência, um policial teria advertido Cabral antes da transferência, dizendo que ele teria duas opções ao chegar na nova unidade: ser agredido diariamente ou tirar a própria vida. Já na prisão, o ex-atleta relatou ter sido colocado nu e algemado em uma cela isolada, onde foi filmado pelos agentes e, posteriormente, agredido com socos, chutes, cotoveladas e spray de pimenta. Ele também alega ter sido ameaçado de envenenamento nas refeições.
A defesa do acusado confirmou que o caso está sendo apurado pelas autoridades competentes. Em nota enviada à imprensa, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio Grande do Norte afirmou que adotou providências imediatas e encaminhou a denúncia à Corregedoria do Sistema Prisional e à Polícia Civil, que ficará responsável pela investigação.
Relembre o caso
Igor Cabral foi preso em flagrante no dia 26 de julho após ser flagrado pelas câmeras de segurança agredindo violentamente a namorada dentro de um elevador em um condomínio de alto padrão em Natal. As imagens mostram o momento em que ele desfere mais de 60 socos no rosto da vítima, que chega a cair no chão ensanguentada, sem que ele interrompa as agressões.
O porteiro do prédio acionou a Polícia Militar ao presenciar as imagens pelas câmeras. Moradores ajudaram a conter Cabral até a chegada dos policiais, que o prenderam em flagrante. Ele foi autuado por tentativa de feminicídio.
A vítima, que teve o maxilar fraturado, relatou por escrito que foi ameaçada de morte. Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por ciúmes, após o agressor exigir acesso ao celular da namorada durante um churrasco. Ao ver as mensagens, ele teria iniciado uma discussão e, logo depois, cometido as agressões no elevador.
A delegada responsável pelo caso, Victoria Lisboa, da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), afirma que a vítima tentou permanecer no elevador justamente por saber que o local era monitorado por câmeras, mas acabou sendo brutalmente agredida assim que a porta se fechou.
Cabral afirmou em depoimento que teve um “surto claustrofóbico”, mas as imagens contradizem essa versão. A vítima segue em recuperação e deverá passar por cirurgia reparadora nos próximos dias.