Uso excessivo de telas aumenta casos de olhos irritados e cansados, alertam oftalmologistas

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Com a crescente dependência de dispositivos eletrônicos para trabalho, estudo e lazer, crescem também as queixas relacionadas ao cansaço e à irritação ocular. Sintomas como ardência, vermelhidão, coceira, sensação de areia nos olhos e visão embaçada têm se tornado cada vez mais comuns — e os especialistas alertam: a exposição prolongada às telas é uma das principais causas.

Segundo o oftalmologista Marcelo Taveira, especialista em cirurgia refrativa que atua em Brasília, um dos fatores mais importantes por trás do desconforto visual é a redução na frequência do piscar. “Quando ficamos muito tempo diante de telas, piscamos até 60% menos do que o normal, o que prejudica a lubrificação natural dos olhos e favorece o ressecamento”, explica.

Além disso, o esforço constante para focar textos pequenos, imagens detalhadas ou lidar com alterações de brilho e contraste também provoca sobrecarga na musculatura ocular. A má iluminação e a postura inadequada agravam ainda mais o problema.

Como aliviar os sintomas?

Para reduzir o impacto do uso excessivo de telas, oftalmologistas recomendam algumas medidas simples, mas eficazes. Entre elas, destaca-se a regra 20-20-20: a cada 20 minutos de uso de tela, olhar por 20 segundos para um ponto a cerca de 6 metros de distância. “Essa pausa ajuda a relaxar os músculos dos olhos e a prevenir a fadiga ocular”, afirma Taveira.

Outras orientações importantes incluem:

  • Ajustar o brilho da tela para que esteja adequado à luz do ambiente

  • Manter uma distância entre 50 e 70 centímetros do monitor

  • Posicionar a tela ligeiramente abaixo da linha dos olhos

  • Garantir uma boa iluminação no ambiente, evitando o contraste com a tela

  • Permanecer hidratado e manter uma rotina regular de sono

O uso de colírios lubrificantes também pode ser útil para aliviar o ressecamento, especialmente para quem passa muitas horas seguidas em frente ao computador. No entanto, Taveira faz um alerta: “Apesar de parecerem inofensivos, os colírios devem ser usados com orientação médica. Há diferentes tipos, e nem todos são adequados para todos os casos. Um colírio errado pode piorar o quadro.”

E quanto aos óculos com filtro de luz azul?

Com a popularização dos óculos com filtro para luz azul, muitos pacientes relatam melhora no conforto visual. No entanto, a eficácia desses acessórios ainda é motivo de debate. De acordo com o oftalmologista Halim Féres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, faltam evidências científicas conclusivas.

“Eles podem ajudar a reduzir o impacto da luz azul na qualidade do sono, mas não substituem medidas fundamentais como pausas frequentes, lubrificação ocular e boa ergonomia”, explica.

Quando procurar um médico?

Especialistas reforçam que sintomas persistentes não devem ser ignorados. O desconforto ocular frequente pode indicar problemas de refração, como miopia, astigmatismo ou hipermetropia, que exigem correção com óculos apropriados.

“Se houver dor, sensibilidade à luz, lacrimejamento excessivo ou se a visão embaçada não melhorar com as pausas e cuidados, é hora de procurar um oftalmologista”, orienta Halim Féres Neto.

O recado é claro: em tempos digitais, proteger os olhos virou uma necessidade cotidiana — e o primeiro passo pode ser tão simples quanto lembrar de piscar.