
Ato reuniu 12,4 mil pessoas em apoio ao ex-presidente, que é réu por tentativa de golpe de Estado; lideranças criticaram o STF e pediram mudanças nas eleições de 2026
Com o lema “Justiça Já”, manifestantes se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (29), em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A principal pauta do ato foi o julgamento do ex-mandatário no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
A manifestação foi organizada pelo pastor Silas Malafaia e contou com a presença de aliados de peso de Bolsonaro, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Jorginho Mello (SC). O ex-presidente, declarado inelegível até 2030, subiu ao palanque ao lado das lideranças e pediu mobilização de sua base para eleger 50% da Câmara e do Senado em 2026.
Segundo levantamento do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common, o ato reuniu 12,4 mil pessoas, número bem abaixo do último evento bolsonarista na Paulista, em abril, que atraiu cerca de 44,9 mil participantes.
Discurso por anistia e contra o STF
Bolsonaro foi saudado por apoiadores aos gritos de “mito” e voltou a defender anistia para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro. “Apelo aos três Poderes da República para pacificar o Brasil. Liberdade para os inocentes do 8 de janeiro”, declarou.
Antes dele, Silas Malafaia atacou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, chamando-o de “ditador” e criticando o uso da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, como base da denúncia. “A delação fajuta de Mauro Cid é o que sustenta essa acusação absurda”, afirmou.
Já o governador Tarcísio de Freitas, o mais aplaudido da tarde, afirmou que o país “não aguenta mais” o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendeu que Bolsonaro ainda tem papel no futuro político do Brasil. “Estamos aqui para pedir justiça, anistia e pacificação”, disse. “Volta, Bolsonaro”, concluiu.
Ato teve críticas ao governo e apoio internacional
Os manifestantes vestiam verde e amarelo e empunhavam faixas pedindo anistia aos presos do 8 de janeiro, além de críticas às mudanças no IOF propostas pelo governo federal e aos casos de fraudes no INSS revelados pela Polícia Federal.
Também houve demonstrações de apoio a Israel e aos Estados Unidos, com bandeiras dos dois países espalhadas entre os presentes. A mobilização ficou concentrada em apenas um quarteirão da Paulista, entre a Rua Peixoto Gomide e o MASP, além da frente da Fiesp.
Julgamento avança no STF
Na última sexta-feira (27), o ministro Alexandre de Moraes abriu prazo para as alegações finais do processo em que Bolsonaro e outros sete investigados são acusados por organização criminosa, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
As etapas finais começam com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que terá 15 dias para apresentar sua posição. Em seguida, será a vez do delator Mauro Cid e, por fim, os advogados dos réus também terão 15 dias para suas manifestações.
O julgamento será realizado pela Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros: Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lú