
A Dívida Pública Federal (DPF) alcançou, em março, o montante recorde de R$ 7,508 trilhões, superando pela primeira vez a marca de R$ 7,5 trilhões, conforme os dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Tesouro Nacional. Em comparação com o mês de fevereiro, quando o valor era de R$ 7,492 trilhões, houve uma alta de 0,22%. Esse aumento é em grande parte atribuído aos juros elevados, que continuam a pressionar o endividamento do governo.
A DPF havia ultrapassado pela primeira vez a barreira dos R$ 7 trilhões em junho de 2023. Apesar do aumento em março, o indicador permanece abaixo das previsões para o final de 2025. Segundo o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado em fevereiro, o estoque da dívida deve encerrar o ano de 2025 entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões.
Dívida interna e externa
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) subiu 0,29%, passando de R$ 7,178 trilhões em fevereiro para R$ 7,199 trilhões em março. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela apropriação de R$ 74,09 bilhões em juros decorrentes da Taxa Selic, que permanece em 14,25% ao ano. Apesar do resgate de R$ 52,99 bilhões em títulos, a apropriação de juros e o vencimento de papéis atrelados à Selic aumentaram o montante da dívida.
No entanto, a Dívida Pública Federal externa (DPFe) apresentou uma redução de 1,53%, caindo de R$ 314,34 bilhões para R$ 309,54 bilhões, principalmente devido à queda de 1,53% do dólar no período.
Colchão da dívida e composição
O chamado colchão da dívida, a reserva financeira utilizada em momentos de dificuldades fiscais ou de concentração de vencimentos, teve uma leve queda. Passou de R$ 889 bilhões em fevereiro para R$ 869 bilhões em março, refletindo o forte resgate líquido no mês.
Atualmente, esse colchão cobre 6,72 meses de vencimentos da dívida pública. Para os próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,404 trilhão em títulos federais.
Em termos de composição, a participação dos papéis atrelados à Selic na DPF diminuiu, passando de 47,77% em fevereiro para 46,38% em março. O PAF projeta que essa fatia pode variar entre 48% e 52% até o final de 2025. Já a proporção dos títulos prefixados aumentou de 20,54% para 21,51%, refletindo o interesse dos investidores por maior previsibilidade, dada a atual instabilidade econômica.
A participação dos títulos vinculados à inflação também subiu, passando de 27,51% para 28,01%, alinhando-se com a projeção de encerramento de 2025, que deve ficar entre 24% e 28%.
Prazo médio e detentores
O prazo médio da DPF subiu ligeiramente de 4,08 para 4,12 anos, o que indica que o governo tem renovado sua dívida em um intervalo um pouco mais longo, sinalizando uma maior confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar seus compromissos financeiros.
Quanto aos detentores da dívida, as instituições financeiras continuam sendo os principais compradores, com 30,5% de participação no estoque, seguidas pelos fundos de pensão (24,1%) e fundos de investimento (21,5%). A participação dos não residentes (estrangeiros) diminuiu para 9,6%, um recuo em relação aos 11,2% registrados em novembro de 2023.
Perspectivas
O governo brasileiro continua a se financiar por meio da dívida pública, buscando recursos para cobrir suas obrigações fiscais. Embora o aumento da dívida seja um reflexo do pagamento de juros elevados, a taxa Selic alta e a inflação também influenciam o perfil de endividamento. O Tesouro Nacional mantém o foco na administração da dívida, com o objetivo de controlar os custos fiscais e garantir o pagamento das obrigações sem comprometer a estabilidade econômica.
Com a previsão de um aumento da DPF até o final de 2025, as autoridades fiscais terão que monitorar de perto o comportamento dos mercados financeiros e as flutuações da Taxa Selic para equilibrar o crescimento da dívida pública com a sustentabilidade das contas do governo.