Cinemateca do MAM reabre após reforma e celebra 70 anos com programação diversa e nostálgica

© Vicente de Mello/Divulgação

 

A Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro reabriu sua sala de projeção em março de 2025, após ficar fechada por oito meses para reformas.

 

reabertura marcou também o início das comemorações pelos 70 anos de exibição da cinemateca, um dos espaços mais emblemáticos da cultura cinematográfica brasileira.

O público — formado por veteranos cinéfilos e uma nova geração de jovens estudantes — está de volta ao auditório Cosme Alves Netto, agora com infraestrutura modernizada: tela nova, projeção renovada, som e iluminação atualizados, além de mobiliário acessível.

“Há uma mistura de gerações. A garotada chega influenciada por professores ou familiares. Os mais velhos voltam com saudade. É bonito ver isso tudo junto”, diz José Quental, coordenador-geral da Cinemateca.

Reforma com apoio da Lei Paulo Gustavo

As obras, iniciadas após a realização do G20 no MAM, custaram R$ 790 mil e foram financiadas por políticas públicas, como a Lei Paulo Gustavo, com apoio da Secretaria de Cultura do Estado do RJ, RioFilme e a produtora Duas Mariola Filmes.

“Esses editais mostram como políticas públicas bem aplicadas fortalecem o setor cultural”, afirma Quental, destacando a importância da continuidade dos incentivos à cultura.

Programação com clássicos, raridades e debates

A programação mantém o foco na diversidade, com sessões que unem obras consagradas e filmes raros, além de debates, cursos e mostras temáticas. A reabertura aconteceu com o filme Salomé (vencedor do Festival de Brasília 2024), seguido por conversa com o diretor André Antônio.

Entre os destaques da nova fase:

Sessões de filmes restaurados (Minha Namorada, de Zelito Viana; A Cor do Seu Destino, de Jorge Durán).

Exibição de obra rara da cineasta Lúcia Murat, feita na Nicarágua.

Clássicos de Hitchcock, Godard, John Ford e Bergman.

Em maio, a 14ª edição do Urano Filme Festival (cinema e energia nuclear).

Curso Cosmopoética com a Desobediência, aberto ao público, em parceria com a UFRJ.

“Entre um filme e outro, a gente descobre o cinema”, comenta o cineasta Gregorio Gananian, elogiando a curadoria de Ruy Gardnier, responsável por compor uma programação que revela relações entre obras.

Tradição e resistência

Criada em 1948, a Cinemateca foi pioneira na difusão de cinema no Brasil. Já funcionou no Palácio Capanema, na ABI, e desde 1967 ocupa o MAM. Teve papel importante durante o Cinema Novo, Cinema Marginal e nos anos de resistência à ditadura militar.

“A Cinemateca do MAM é mitológica. Está no imaginário do cinema brasileiro”, afirma Gananian.

Programação mensal

O público pode conferir a agenda completa no site da Cinemateca do MAM, que oferece uma curadoria pensada para agradar cinéfilos de todas as idades e gostos.

“Quem não curte Ford, vai de Bergman. Quem não curte Godard, vê um brasileiro contemporâneo. A diversidade é o que sustenta a cinemateca”, finaliza Quental.