A ExpoCannabis Brasil 2024 debate usos da planta em medicina, indústria e economia, destacando avanços e desafios para sua regulamentação no país
A partir desta sexta-feira (15), São Paulo se torna o centro das atenções do mercado de cannabis com a segunda edição da ExpoCannabis Brasil, a maior feira sobre o tema na América Latina. O evento, que ocorre até domingo (17), deve atrair mais de 40 mil visitantes e destaca as diversas aplicações da planta, indo além do uso medicinal.
Com foco em educação e desmistificação, a feira reúne especialistas, empresas e representantes da sociedade civil para abordar os potenciais da cannabis nos setores de saúde, moda, decoração, construção civil e biocombustíveis. A programação inclui oficinas, aulas de yoga e meditação, fóruns de discussão sobre legislação e negócios, além de shows de artistas como Dawn Penn e Horace Andy.
Expansão de mercado e regulamentação
Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya Mind, destaca que o mercado de cannabis no Brasil tem crescido exponencialmente. Em quatro anos, sua empresa, especializada em dados sobre a planta, conquistou mais de 100 clientes e registrou um aumento de 34% no número de empresas do segmento entre 2023 e 2024.
“Mesmo com preconceitos e desconhecimento, o setor cresce. Este ano, o mercado de sedas movimentou R$ 300 milhões, e o número de pedidos de habeas corpus para cultivo medicinal aumentou 8.000%. Isso mostra a urgência de uma regulamentação ampla”, afirma Maria Eugenia.
Na quarta-feira (13), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu autorizar a importação de sementes e o cultivo de cannabis para fins medicinais, farmacêuticos e industriais. A decisão reforça o papel da regulamentação como alternativa à proibição.
Thiago Cardoso, sócio da Kaya Mind, defende políticas públicas para regularizar o consumo e destaca que o modelo uruguaio, pioneiro na legalização da produção e venda de maconha em 2013, serviu para reduzir o uso entre menores de idade.
Oportunidades econômicas e científicas
Além dos avanços no setor de saúde, Alessandra Alves, diretora de pesquisa do Instituto Agronômico (IAC), alerta para o potencial agrícola da cannabis. “Como planta, ela oferece inúmeras possibilidades. A agricultura precisa estar preparada para atender a demanda que uma regulamentação trará”, argumenta.
No Brasil, mais de 600 mil pacientes utilizam cannabis medicinal, e 2,8 milhões de adultos fazem uso regular da planta. Segundo os organizadores da feira, o mercado já movimenta mais de R$ 1 bilhão no país, abrangendo headshops, growshops e marcas associadas.
Transformando preconceitos
Mercedes Ponce de León, porta-voz da ExpoCannabis Uruguay, destaca que feiras como a de São Paulo são fundamentais para desmistificar a cannabis. “A regulamentação não resolve todos os problemas de imediato, mas é um passo crucial para reduzir preconceitos e ampliar o acesso aos benefícios da planta”, conclui.
A ExpoCannabis Brasil segue até domingo no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, reunindo visitantes interessados em conhecer o impacto cultural, econômico e científico da cannabis.
