Saúde pública intensifica triagem e assistência no RS

© Pref. Canoas/Divulgação

 

 

Profissionais de saúde reforçam triagem devido a múltiplas doenças enquanto o COE mobiliza recursos e flexibiliza normas para atendimento emergencial

 

 

Os trabalhadores de saúde no Rio Grande do Sul estão intensificando a triagem de pacientes devido ao aumento de sintomas comuns em diversas doenças, como infecções, febre e dores no corpo, decorrentes das enchentes que afetaram o estado em abril e maio. A recomendação vem do pesquisador Cristóvão Barcelos, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz).

“Pode ser covid, gripe, leptospirose, doença respiratória, intoxicação. Nessas horas é muito importante a triagem para saber exatamente qual o tratamento e separar caso grave do mais leve para também não sobrecarregar hospitais”, destacou Barcelos.

COE e Telessaúde

O Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE), no qual Barcelos atua como representante da Fiocruz, recomendou o uso de serviços de telessaúde pela população para esclarecer dúvidas, além de estabelecer consultorias para profissionais de saúde, similar ao que já ocorre na área de saúde mental. O COE coordena as ações de resposta às emergências em saúde pública, mobilizando recursos e articulando informações entre as diferentes esferas do Sistema Único de Saúde (SUS).

Flexibilização de Receitas Médicas

Em resposta à perda de receitas de medicamentos por desabrigados e desalojados, o COE flexibilizou a obrigatoriedade das receitas para alguns casos, permitindo que os pacientes comprovem a necessidade do medicamento através de histórico médico, garantindo o acesso a tratamentos essenciais.

Envio de Kits e Reconstrução

O Ministério da Saúde enviou 100 kits para situações de calamidade ao estado, com capacidade de atendimento para até 3 mil pessoas por kit. Segundo Felipe Proenço, secretário de Atenção Primária à Saúde e coordenador do COE, foram demandados mais 30 kits devido à dinâmica das necessidades locais. As secretarias municipais de Saúde estão trabalhando para restabelecer os serviços onde a água já baixou, avaliando a estrutura das unidades afetadas e considerando a necessidade de novas construções ou reformas.

Desafios e Ações

A reconstrução está em fase de avaliação e levantamento das necessidades. Proenço afirmou que o Ministério da Saúde está presente com a Força Nacional do SUS, hospitais de campanha e profissionais de todo o país para apoiar o cuidado e atendimento da população. A presença do ministério no estado visa reduzir dificuldades de comunicação e responder prontamente às demandas emergenciais.

Logística de Vacinas

Para enfrentar o desafio de áreas de difícil acesso, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, liderada por Eliese Denardi Cesar, utilizou helicópteros para o envio de vacinas e providenciou câmaras de conservação para os municípios afetados.

Preocupações com Doenças Crônicas e Saúde Mental

Carlos Machado, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e membro do COE, alertou para o aumento de doenças crônicas, como AVC, devido à descontinuidade dos tratamentos. Ele também destacou a importância dos cuidados psicossociais e de saúde mental para os desabrigados, que enfrentam grande desestabilização em suas vidas.

Machado ressaltou a gravidade da situação, com muitos serviços de saúde e unidades básicas comprometidos, afetando a força de trabalho e as instalações tanto públicas quanto privadas.

O cenário no Rio Grande do Sul é de grande desafio para a saúde pública, com esforços concentrados em atender a população afetada e restabelecer os serviços essenciais de maneira eficaz e rápida.