OMS Declara Solidão como Prioridade Global de Saúde e Institui Comissão para Enfrentamento

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Organização Mundial da Saúde anuncia a criação da Comissão de Conexão Social para combater a epidemia global de solidão, reconhecendo a ameaça à saúde e propondo estratégias para aprofundar conexões sociais

 

 

Na última quarta-feira (15), a Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializou a solidão como uma prioridade de saúde global e lançou a Comissão de Conexão Social, que se dedicará, nos próximos três anos, a enfrentar a “ameaça urgente à saúde” representada pela epidemia mundial de solidão. Sob a co-presidência do enviado da Juventude da União Africana, Chido Mpemba, e do Cirurgião Geral dos Estados Unidos, Dr. Vivek Murthy, a comissão buscará analisar os dados científicos mais recentes e criar estratégias para fortalecer as conexões sociais das pessoas.

Murthy, que tem se destacado ao abordar os riscos do isolamento social, considera a solidão uma ameaça “subestimada” à saúde, agora generalizada. Ele destaca que, por muito tempo, a solidão foi negligenciada, causando impactos tanto físicos quanto mentais, mas enfatiza que agora há uma oportunidade de mudar essa realidade.

Karen DeSalvo, membro do comitê e diretora de saúde do Google, ressalta a importância do contexto social para o cuidado efetivo, citando experiências em Nova Orleans após um furacão, onde o isolamento social dificultou a recuperação de alguns indivíduos mesmo após receberem tratamento médico.

A solidão ganha destaque no cenário de saúde pública, com estados como Nova York nomeando terapeutas especializados e o Reino Unido nomeando um ministro para solidão. Estudos demonstram que a falta de conexão social está associada a problemas de saúde mental, aumentando os riscos de ansiedade, depressão e suicídio.

Além dos impactos na saúde mental, a solidão e o isolamento social têm repercussões na saúde física, aumentando o risco de mortalidade precoce. Problemas como má função imunológica, hipertensão, acidente vascular cerebral e até mesmo declínio cognitivo têm sido associados à falta de conexões sociais.

A pesquisa indica que a solidão não é exclusiva de idosos, afetando pessoas de todas as idades, inclusive crianças e adolescentes. A pandemia de Covid-19 pode ter agravado esses sentimentos, especialmente entre os mais jovens, impactando negativamente a saúde mental.

O Dr. Ryan Patel, professor assistente clínico adjunto de psiquiatria na Universidade Estadual de Ohio, ressalta a importância da prática para a socialização, mencionando que o isolamento durante a pandemia afetou a habilidade das pessoas em interações sociais mais suaves.

A Comissão de Conexão Social da OMS visa não apenas conscientizar sobre a solidão, mas também oferecer evidências e orientações para os sistemas de saúde global abordarem efetivamente a ligação entre a solidão e os resultados negativos de saúde, proporcionando intervenções adequadas para melhorar a saúde das comunidades em todo o mundo.