
Nesta terça-feira (25), tem início a primeira audiência de instrução do julgamento de 12 policiais militares envolvidos no que ficou conhecido como o “Massacre de Paraisópolis”. O episódio ocorreu em 1º de dezembro de 2019, durante uma operação policial no Baile da DZ7, na Favela de Paraisópolis, na capital paulista, resultando na morte de nove jovens. Os agentes, do 16º Batalhão da Polícia Militar (PM), respondem pelo crime de homicídio.
O juiz Ricardo Augusto Ramos conduzirá a coleta de depoimentos de acusação nesta primeira data, sendo que ao todo, 52 testemunhas foram arroladas no processo. Em seguida, serão realizados os interrogatórios dos acusados.
As vítimas do massacre foram Gustavo Cruz Xavier, Denys Henrique Quirino da Silva, Marcos Paulo de Oliveira Santos, Dennys Guilherme dos Santos Franco, Luara Victoria de Oliveira, Eduardo Silva, Gabriel Rogério de Moraes, Bruno Gabriel dos Santos e Mateus dos Santos Costa, com idades entre 14 e 23 anos.
Na ocasião, a Polícia Militar alegou que os agentes reagiram a um ataque de criminosos que teriam disparado contra as viaturas e corrido em direção ao baile funk. Contudo, essa narrativa é contestada pelas famílias das vítimas, que afirmam que os jovens foram pisoteados durante a ação policial.
Os familiares das vítimas têm buscado justiça e denunciam a violência e letalidade policiais que atingem principalmente jovens negros em comunidades da periferia. Em um manifesto divulgado em redes sociais, pedem que 19 agentes da segurança pública que não foram denunciados ou foram inocentados sumariamente também sejam julgados.
Para dar visibilidade ao caso e honrar a memória das vítimas, os familiares criaram o perfil “Os 9 que perdemos” no Instagram e realizaram um ato na comunidade de Paraisópolis.
O Ministério Público de São Paulo e a Defensoria Pública do Estado já se posicionaram sobre o caso e apontaram inconsistências na versão da PM, reforçando que as evidências mostram que os policiais encurralaram os jovens na comunidade, resultando em mortes por asfixia.
Por outro lado, o advogado que representa oito dos policiais acusados reitera que houve um alvoroço causado pela chegada de criminosos ao baile funk e defende que a PM agiu corretamente, em cumprimento ao procedimento padrão para o tipo de ocorrência.
O julgamento do Massacre de Paraisópolis é aguardado com grande expectativa pela sociedade, na esperança de que sejam esclarecidos os fatos e responsabilizados os envolvidos. A tragédia marcou profundamente as famílias das vítimas e a comunidade, reacendendo o debate sobre a atuação policial e a violência nas periferias brasileiras.