Serão retomadas as obras do campus da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), paralisadas há quase uma década. O protocolo de intenções entre Ministério da Educação (MEC), Itaipu Binacional e Unila foi assinado na tarde desta terça-feira (4/7), em Foz do Iguaçu (PR). A continuação do empreendimento contará com o investimento de R$ 600 milhões, provenientes da Itaipu.
Ao anunciar o retorno das obras, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, confessou sua tristeza ao perceber, no início do ano, que as obras da Unila estavam paradas. Lula se disse convicto da importância da recuperação, porque “não tem nada mais barato no mundo do que financiar um jovem”. O presidente argumentou: “um jovem para ser médico; quanto ele vai dar de lucro depois para o Estado, cuidando da saúde do povo? Um jovem para ser engenheiro; quanto custa para um país formar um engenheiro, diante de quanto um engenheiro pode devolver em conhecimento para esse país?”
Não tem nada mais barato no mundo do que financiar um jovem. Um jovem para ser médico; quanto ele vai dar de lucro depois para o Estado, cuidando da saúde do povo? Um jovem para ser engenheiro; quanto custa para um país formar um engenheiro, diante de quanto um engenheiro pode devolver em conhecimento para esse país?
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
A Unila foi criada em 2010, durante o segundo mandato de Lula. É uma instituição considerada símbolo da integração da América Latina. Mas as obras do futuro campus foram paralisadas em 2014 com 41,58% de execução. Em março, durante a posse do atual diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, o presidente assumiu publicamente o compromisso de concluir as obras. A previsão de término dos trabalhos é de três anos.
“Essa universidade aqui é a revolução que eu quero para a América Latina. Uma América Latina politizada, uma América Latina com milhões de engenheiros”, disse o presidente Lula. Presente na cerimônia, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a atuação de Lula em prol das instituições de ensino.
“A história do Brasil é interessante, e vai ficar isso para muitas gerações, porque precisou vir um presidente trabalhador, sem diploma universitário, para construir o maior número de universidades da história desse país. E ele agora voltou, voltou para deixar, como deixou dos seus dois mandatos anteriores, o maior legado de um gestor que é cuidar das pessoas”, ressaltou Camilo.
PRÉDIO COM 18 ANDARES
O protocolo de intenções prevê financiamento para execução do remanescente da estrutura. A etapa inclui o prédio principal com 18 andares, o bloco de salas de aula e o restaurante, estruturas que possibilitam toda a funcionalidade do campus e a ampliação do número de vagas da universidade. A segunda etapa do campus – que inclui teatro, biblioteca e laboratórios – ainda não está contemplada neste protocolo.
O campus da universidade é o último projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, falecido em dezembro de 2012. A proposta aprovada mantém a assinatura de Niemeyer, permitindo que Foz do Iguaçu ganhe uma obra do famoso arquiteto brasileiro. Assim como o terreno, o projeto foi doado à Unila pela Itaipu, e custou R$ 11 milhões.
“Essa universidade transformou mentes, corações, e transformou a vida de nossa fronteira. Essa universidade que o senhor [ presidente Lula ] instituiu é uma universidade que vem contribuindo para as artes, vem contribuindo para as ciências, vem contribuindo para que nós possamos ter, através do conhecimento, uma transformação regional”, disse Chico Brasileiro, prefeito de Foz do Iguaçu, durante o evento.
AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS
A cerimônia ainda incluiu o anúncio de repasse de mais de R$ 17,8 milhões pela Itaipu Binacional ao Governo do Paraná, para aquisição de equipamentos para 278 escolas, e a posse da nova reitora da Unila, professora Diana Araujo Pereira, eleita em maio e nomeada no dia 14 de junho.
A reitora pontuou que a universidade abriga 36 nacionalidades. “É nesse laboratório da diversidade, que é a Unila, que precisamos praticar a democracia. A convivência intercultural é condição imprescindível para a convivência democrática”, afirmou Diana.
Com o repasse, serão adquiridos móveis como armários, estantes, conjuntos de refeitório (mesa e banco) e banquetas de laboratório, além de 30 mil conjuntos de mesas e cadeiras escolares e 300 mesas para crianças e adolescentes com deficiência.