Marcha do Orgulho Trans em São Paulo: Uma luta por visibilidade, direitos e inclusão

© Rovena Rosa/Agência Brasil

 

Evento destaca desafios enfrentados pela população transgênera e promove transformação na sociedade e no movimento LGBTQIA+

 

 

 

A Marcha do Orgulho Trans da Cidade de São Paulo aconteceu no Largo do Arouche, no centro da capital paulista, nesta sexta-feira (9). O evento, em sua sexta edição, é realizado em comemoração ao mês do Orgulho LGBTQIA+. Com o tema “TRANSformação está em Marcha”, a marcha busca destacar as demandas e os desafios enfrentados pela comunidade trans.

Pri Bertucci, fundador da Marcha do Orgulho Trans e pessoa trans não binária e não branca, ressaltou a importância do evento diante do atual contexto político brasileiro, em que as pessoas trans enfrentam violências e exclusão social. Bertucci enfatizou a necessidade de transformar não apenas a sociedade em relação à compreensão da transgeneridade, mas também o próprio movimento LGBTQIA+, que ainda possui preconceitos em relação às pessoas trans e nega seus direitos.

A Marcha do Orgulho Trans ocorre em conjunto com outros eventos pelo mundo como forma de protesto. Os organizadores destacaram que as demandas sociais, culturais, políticas, de direitos e cidadania apresentadas pelos gays, homens cisgêneros brancos, muitas vezes não abrangem as urgências das pessoas trans, travestis, não binárias, mulheres e homens transgêneros. Por isso, a marcha é realizada separadamente, sempre às sextas-feiras, antes da Parada do Orgulho LGBT+.

Symmy Larrat, secretária nacional dos Direitos da População LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, destacou a presença do governo federal na marcha e afirmou que o governo está estudando a criação de políticas nacionais de enfrentamento à violência contra pessoas LGBT e programas de empregabilidade, educação e renda voltados para essa população.

Durante o evento, participantes como Rafael Pascoal Neves Brunelli, pessoa não binária e pansexual, destacaram as dificuldades enfrentadas por se identificarem fora da binariedade de gênero. Eles ressaltaram a limitação de acesso a espaços físicos, como banheiros públicos, que ainda são divididos em categorias binárias. Outros participantes, como Victor Yoshimi, trans masculino, destacaram questões relacionadas à saúde pública e à falta de visibilidade das pessoas trans.

A violência contra a população trans no Brasil é alarmante, sendo o país que mais registra assassinatos de pessoas trans no mundo. A saúde mental das pessoas trans também é afetada por essa violência. Estudos mostram que mais da metade das mulheres transgênero no Brasil já teve pensamentos suicidas.

O grupo Mães pela Diversidade, formado há cerca de 15 anos por pais e mães, também marcou presença na Marcha Trans, convocando a população a participar. O grupo busca lutar pelos direitos civis da população LGBT+ e promover a inclusão e o acolhimento. O Mães pela Diversidade tem sido parte importante da Parada do Orgulho LGBT+ nos últimos anos, e neste ano substituirá as cores do arco-íris pela bandeira do Brasil em sua participação.

A Parada do Orgulho LGBT+ está prevista para ocorrer no domingo na Avenida Paulista, com a presença da bateria