Inflação recua e mantém estabilidade nas projeções do Boletim Focus

© Marcello Casal JrAgência Brasil

 

Expectativas para PIB, câmbio e Selic seguem inalteradas, mas índice de preços ainda supera o teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Banco Central (BC), mostrou que o mercado financeiro manteve estáveis as projeções para três dos quatro principais indicadores econômicos de 2025: Produto Interno Bruto (PIB), câmbio e taxa básica de juros (Selic). A única alteração foi na expectativa de inflação, que recuou de 4,80% para 4,72%.

Apesar da leve melhora, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permanece acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. A meta central é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2026 e 2027, as previsões permanecem estáveis em 4,28% e 3,9%, respectivamente.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a prévia da inflação oficial registrou alta de 0,48% em setembro, impulsionada principalmente pelo aumento no preço da energia elétrica. No acumulado de 12 meses, o IPCA atingiu 5,17%, revertendo o quadro de deflação (-0,14%) observado em agosto. Os alimentos, contudo, apresentaram queda pelo quarto mês consecutivo, com recuo de 0,35% em setembro.

Selic e cenário econômico

A taxa básica de juros, principal instrumento do BC para controle da inflação, segue projetada em 15% ao ano — patamar mantido há 16 semanas consecutivas pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Para os anos seguintes, o Focus prevê redução para 12,25% em 2026 e 10,50% em 2027.

Segundo o Copom, a manutenção da taxa elevada reflete a necessidade de garantir o cumprimento da meta de inflação diante das incertezas do cenário internacional e da moderação do crescimento econômico interno. Embora os juros altos contribuam para conter o consumo e reduzir a pressão sobre os preços, também podem frear a expansão da economia.

Crescimento e câmbio

As expectativas para o desempenho econômico do país permanecem estáveis pela quinta semana consecutiva. O PIB brasileiro deve crescer 2,16% em 2025 e 1,80% em 2026, com leve recuo projetado para 2027, de 1,90% para 1,83%.

No câmbio, o dólar deve encerrar 2025 cotado a R$ 5,43, ante R$ 5,50 previstos há um mês. Para 2026 e 2027, o mercado projeta novas quedas, com o valor da moeda norte-americana estimado em R$ 5,45 e R$ 5,51, respectivamente.

Com a inflação recuando, mas ainda acima do limite da meta, e o crescimento econômico mantendo ritmo moderado, o cenário traçado pelo Boletim Focus reforça a postura de cautela do Banco Central diante das incertezas externas e dos desafios internos para o controle dos preços e a sustentabilidade do crescimento.