
Alta desacelera em relação ao 1º trimestre; juros altos pesam sobre consumo e investimentos
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou crescimento de 0,4% no 2º trimestre de 2025, em comparação aos três primeiros meses do ano, segundo dados divulgados nesta terça-feira (2) pelo IBGE. O resultado, equivalente a R$ 3,2 trilhões em valores correntes, confirma a desaceleração da economia, após alta revisada de 1,3% no 1º trimestre.
Na comparação com o mesmo período de 2024, o PIB avançou 2,2%. No acumulado de 12 meses, a expansão foi de 3,2%. Apesar da perda de ritmo, o desempenho ficou ligeiramente acima da projeção de analistas consultados pela Reuters, que esperavam alta de 0,3%.
O que puxou o PIB
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Serviços: +0,6%
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Indústria: +0,5%
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Agropecuária: -0,1%
Do lado da demanda:
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Consumo das famílias: +0,5%
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Consumo do governo: -0,6%
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Investimentos: -2,2%
O setor de serviços, que responde pela maior parte da economia, foi sustentado por altas em atividades financeiras (2,1%), informação e comunicação (1,2%) e transporte (1,0%). Já na indústria, o crescimento foi impulsionado pelas indústrias extrativas (+5,4%), enquanto houve retração em eletricidade e gás (-2,7%), transformação (-0,5%) e construção (-0,2%).
As exportações cresceram 0,7%, enquanto as importações caíram 2,9% no período.
O que explica a desaceleração
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, avaliou que o resultado reflete o efeito da política monetária restritiva.
“Era um efeito esperado a partir da alta nos juros iniciada em setembro do ano passado. As indústrias de transformação e a construção, que dependem de crédito, são mais afetadas nesse cenário”, explicou.
A taxa básica de juros está em 15% ao ano, o que ajuda a conter a inflação, mas encarece o crédito e reduz o ímpeto de consumo e investimentos. A taxa de investimento caiu 2,2% no trimestre, registrando o primeiro recuo desde o 3º trimestre de 2023.
Perspectivas
O segundo semestre traz incertezas ligadas à tarifa de 50% adotada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros desde agosto, que afeta cerca de 36% das exportações para o país. Apesar disso, analistas avaliam que a economia deve resistir graças ao comércio aquecido com a China e às exceções na taxação.
O mercado financeiro projeta crescimento de 2,19% para o PIB em 2025, após expansão de 3,4% em 2024. Para 2026, a estimativa é de alta mais moderada, de 1,87%, segundo o último Boletim Focus do Banco Central.