Mercado reduz previsão de inflação para 2025, mas índice segue acima da meta do BC

© Marcello Casal JrAgência Brasil

 

Boletim Focus aponta nova queda na expectativa do IPCA, agora em 5,09% para este ano; Selic deve seguir em 15% ao ano em meio a incertezas econômicas


A projeção do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, caiu pela nona semana consecutiva e passou de 5,1% para 5,09% em 2025. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (28) pelo Boletim Focus, publicação semanal do Banco Central (BC) com estimativas de instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos.

Apesar do recuo, a previsão ainda está acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — ou seja, o limite superior é de 4,5%. Quando o índice ultrapassa essa faixa por seis meses consecutivos, configura-se o chamado “estouro da meta”, como já ocorreu neste ano.

Em junho, mesmo com a pressão dos reajustes na energia elétrica, a inflação oficial ficou em 0,24%, segundo o IBGE, puxada principalmente pela primeira queda no preço dos alimentos em nove meses. No acumulado de 12 meses, o IPCA atingiu 5,35%, permanecendo acima do teto da meta pelo sexto mês seguido. Isso exige que o presidente do BC envie uma carta ao ministro da Fazenda explicando os motivos do descumprimento da meta, as medidas adotadas e o prazo estimado para retorno ao limite.

Para os anos seguintes, o Boletim Focus projeta uma inflação de 4,44% em 2026, 4% em 2027 e 3,8% em 2028.

Selic em alta e próximos passos

A principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano. Mesmo com o arrefecimento da inflação nos últimos meses, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, na última reunião, aumentar a taxa em 0,25 ponto percentual — o sétimo aumento seguido.

Em ata, o Copom informou que a tendência é de manutenção dos juros nesse patamar nas próximas reuniões, mas não descartou novas altas caso a inflação volte a subir. O próximo encontro do comitê será realizado nesta terça (29) e quarta-feira (30), e é aguardado com expectativa pelo mercado, que projeta estabilidade na taxa até o fim de 2025.

As previsões indicam queda da Selic para 12,5% ao ano em 2026, 10,5% em 2027 e 10% em 2028. Juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança, ajudando a conter a demanda e controlar os preços — mas também podem prejudicar a expansão da economia.

PIB e câmbio

A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano foi mantida em 2,23%. Para 2026, a estimativa foi ajustada levemente de 1,88% para 1,89%, e para 2027 e 2028 segue em 2%. No primeiro trimestre de 2025, o PIB cresceu 1,4%, puxado pela agropecuária, e encerrou 2024 com alta de 3,4% — o quarto ano seguido de crescimento, com o melhor desempenho desde 2021 (4,8%).

No câmbio, o mercado projeta que o dólar encerrará 2025 em R$ 5,60. Para 2026, a expectativa é de cotação em R$ 5,70. Essas projeções refletem a instabilidade global e as incertezas domésticas quanto à política fiscal e monetária.