
Com inflação acima da meta e demanda aquecida, Banco Central aposta em manutenção da taxa para conter pressões e garantir convergência à meta de 3%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano e indicou que os juros devem permanecer nesse patamar por um “período prolongado”. A decisão, publicada na ata da reunião desta terça-feira (24), é motivada por expectativas de inflação desancoradas e pressões persistentes da demanda.
A alta recente da Selic, que passou de 14,75% para 15%, pode ser a última do atual ciclo. Segundo o Copom, o momento agora é de pausa para avaliar se o nível atual dos juros será suficiente para trazer a inflação de volta à meta de 3%, dentro da nova sistemática de metas contínuas, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
De acordo com o Banco Central, os núcleos de inflação seguem elevados, indicando que a economia ainda opera com demanda robusta, o que exige uma política monetária mais dura. Apesar disso, os preços de alimentos mostraram comportamento mais benigno nos últimos meses, o que trouxe algum alívio no curto prazo.
O Copom também apontou riscos no cenário externo, marcado por incertezas econômicas nos Estados Unidos e tensões geopolíticas no Oriente Médio, que afetam o preço do petróleo e provocam volatilidade cambial. Internamente, o mercado de trabalho permanece aquecido, com geração de empregos formais e alta da renda, sustentando a atividade econômica.
A ata destaca que os efeitos do aperto monetário ainda não foram totalmente sentidos. “Grande parte dos impactos da taxa mais contracionista ainda está por vir”, afirma o comitê. Por isso, a decisão de interromper novas elevações e observar os desdobramentos nos próximos meses.
A inflação medida pelo IPCA recuou para 0,26% em maio, acumulando alta de 5,32% em 12 meses, acima do teto da meta. O desempenho do PIB no primeiro trimestre mostrou crescimento robusto na agropecuária, enquanto indústria e serviços indicaram moderação.
O Banco Central, diante desse contexto, optou por manter os juros elevados por mais tempo para assegurar a convergência da inflação, reforçando o compromisso com a estabilidade econômica.