
Pela primeira vez desde o afastamento de Ednaldo Rodrigues, pleito será realizado sob intervenção judicial; clubes criticam data e peso desigual dos votos
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) publicou neste sábado (17) o edital de convocação para a eleição que definirá seu novo presidente, marcada para o próximo dia 25 de maio. O pleito foi convocado por Fernando Sarney, vice-presidente e atual interventor da entidade, nomeado na última quinta-feira (15) após decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que afastou Ednaldo Rodrigues da presidência.
Além da escolha do novo mandatário, a votação também definirá os oito vice-presidentes e os membros do Conselho Fiscal da CBF — três efetivos e três suplentes. O mandato será válido para o quadriênio 2025–2029. O prazo para registro das chapas vai deste domingo (18) até terça-feira (20).
O primeiro nome confirmado para a disputa é o de Reinaldo Carneiro Bastos, atual presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF). Em nota publicada nas redes da entidade paulista, Bastos afirmou ter o apoio de outras federações e de um “grande número de clubes” das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.
A Liga Forte União (LFU), que reúne 32 clubes das duas divisões, oficializou apoio à candidatura de Reinaldo. Em comunicado, a associação criticou a escolha da data da eleição — um domingo com jogos pelo Brasileirão —, apontando que isso compromete a participação efetiva dos clubes nas decisões da entidade.
Entre os apoiadores da LFU estão clubes como Atlético-MG, Corinthians, Flamengo, Fluminense, São Paulo e Cruzeiro. O grupo reúne 16 times da Série A e 16 da Série B.
Paralelamente, 19 das 27 federações estaduais divulgaram manifesto defendendo uma candidatura “comprometida com um novo ciclo para o futebol brasileiro”, sem apontar nomes. Ficaram de fora do documento as federações da Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Amapá e Mato Grosso.
A eleição da CBF é marcada pelo peso desigual dos votos: cada federação estadual tem peso três, clubes da Série A, peso dois, e os da Série B, peso um. Com isso, o apoio de 23 federações (totalizando 69 votos) é suficiente para garantir a vitória, mesmo que todos os clubes votem em outro candidato.
O afastamento de Ednaldo Rodrigues ocorreu enquanto ele participava do Congresso da Fifa, em Assunção, no Paraguai. Três dias antes, Ednaldo havia anunciado Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira. A decisão judicial que o destituiu alegou nulidade no acordo firmado entre CBF e Supremo Tribunal Federal (STF), que validava a eleição de 2022, citando possível falsificação da assinatura do vice-presidente Coronel Nunes.
Fifa e Conmebol ainda não se pronunciaram sobre a crise institucional na CBF.