Brasil e China defendem paz na Ucrânia, solução de dois Estados e reforma da ONU em declarações conjuntas

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Durante missão oficial em Pequim, os dois países pedem diálogo entre Rússia e Ucrânia, apoiam a criação de um Estado palestino e reforçam a necessidade de multilateralismo, sustentabilidade e reforma das instituições internacionais.

 

 

Brasil e China divulgaram nesta terça-feira (13) duas declarações conjuntas como resultado dos encontros bilaterais realizados durante a missão oficial brasileira em Pequim. Os documentos abordam temas como o fim da guerra na Ucrânia, o conflito entre Israel e Palestina, o fortalecimento do multilateralismo e a reforma de instituições globais como a ONU e o sistema financeiro internacional.

Na primeira declaração, os dois países expressaram apoio ao diálogo entre Rússia e Ucrânia, destacando a importância de uma solução pacífica, justa e duradoura para o conflito. O documento acolhe manifestações recentes dos presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky em favor da negociação. “Esperamos que se inicie, no menor prazo possível, um diálogo direto entre as partes, única forma de pôr fim ao conflito”, diz o texto.

A segunda declaração aborda a defesa do multilateralismo, a cooperação internacional e o combate às mudanças climáticas. Os dois governos reforçaram apoio ao Plano de Recuperação de Gaza, adotado pela Liga Árabe, e reiteraram o compromisso com a solução de dois Estados — com a criação de um Estado palestino viável, soberano e com fronteiras baseadas em 1967, vivendo lado a lado com Israel.

O presidente Lula, durante sua visita, criticou as ações de Israel na Faixa de Gaza e defendeu uma ONU reformada para cumprir sua missão original de paz e progresso. “A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel”, afirmou.

Brasil e China também defenderam uma reforma do Conselho de Segurança da ONU para torná-lo mais democrático e representativo. A China declarou apoio à aspiração do Brasil de ocupar um papel mais relevante na organização. Ambos os países condenaram o protecionismo, guerras comerciais e tarifárias, e defenderam uma arquitetura financeira internacional que amplie a participação dos países em desenvolvimento.

Os documentos ainda destacam áreas prioritárias de cooperação bilateral, incluindo infraestrutura, saúde, meio ambiente, energias renováveis, inteligência artificial, agricultura, ciência, tecnologia e combate à desinformação digital.

O Brasil reiterou seu apoio ao princípio de uma só China, reconhecendo Taiwan como parte inseparável do território chinês — gesto que foi amplamente valorizado por Pequim.