Previsão do IPCA é ajustada para 5,55% em 2025, acima da meta de inflação do BC

 

Mercado financeiro também ajusta projeções para PIB e Selic, com expectativa de crescimento econômico de 2% neste ano e juros elevados até o fim de 2024

 

 

A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, foi ajustada para 5,55% em 2025, uma ligeira redução em relação à projeção anterior de 5,57%. Os dados foram divulgados no Boletim Focus desta terça-feira (22), pesquisa semanal realizada pelo Banco Central (BC), que coleta as expectativas de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Apesar do pequeno ajuste, a estimativa para 2025 ainda está acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite superior da meta é 4,5%, o que significa que a projeção de 5,55% ultrapassa essa margem.

A inflação em março ficou em 0,56%, pressionada principalmente pelos preços dos alimentos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora tenha sido um número mais baixo que o de fevereiro, quando a inflação foi de 1,31%, o acumulado de 12 meses totaliza 5,48%, refletindo uma tendência de desaceleração, mas ainda preocupante para o cenário econômico.

Em resposta a esse quadro inflacionário, o Banco Central tem adotado uma política de juros elevados. A taxa básica de juros, a Selic, foi mantida em 14,25% ao ano, após um aumento de um ponto percentual em março, o quinto consecutivo. O Comitê de Política Monetária (Copom) destacou que, embora haja sinais de moderação na expansão da economia, a inflação, especialmente nos serviços e nos núcleos da inflação, continua alta, o que justifica a necessidade de manter a política monetária restritiva. A expectativa é de que a Selic suba para 15% até o fim deste ano, com redução gradual nos anos seguintes.

Em relação ao crescimento da economia brasileira, o mercado financeiro manteve sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2% para 2025. Para os anos seguintes, a previsão é de crescimento de 1,7% para 2026 e 2% para 2027 e 2028. O desempenho de 2024, com expansão de 3,4%, já indicou uma recuperação, representando o quarto ano consecutivo de crescimento, o maior desde 2021.

No câmbio, a expectativa é de que o dólar feche o ano em R$ 5,90, com uma leve valorização projetada para os próximos anos, chegando a R$ 5,95 no fim de 2026.

Com as taxas de juros mais altas, o crédito fica mais caro, o que pode dificultar a expansão econômica. No entanto, a redução da Selic no futuro pode estimular a produção e o consumo, com potencial de redução da inflação, embora com os riscos de um controle mais frouxo sobre os preços. O impacto das políticas monetárias será fundamental para determinar o rumo da economia brasileira nos próximos anos.