Lula expressa apoio à Dinamarca diante de ambição dos EUA sobre a Groenlândia

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Presidente brasileiro conversou por telefone com a primeira-ministra Mette Frederiksen e reiterou solidariedade frente às tentativas de anexação do território autônomo dinamarquês por parte dos Estados Unidos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou, nesta sexta-feira (11), apoio político e solidariedade à Dinamarca diante das recentes declarações do presidente americano, Donald Trump, que voltou a expressar o desejo de anexar a Groenlândia aos Estados Unidos. A posição brasileira foi comunicada após um telefonema entre Lula e a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, no qual os líderes também discutiram temas geopolíticos e comerciais de interesse comum.

A Groenlândia, território autônomo dinamarquês localizado no Ártico, tem sido alvo da atenção norte-americana por sua posição estratégica e riquezas naturais. Em março, Trump afirmou que a anexação da ilha seria inevitável “em nome da segurança internacional”, provocando reações contrárias de Copenhague e dos próprios líderes groenlandeses.

Segundo o governo dinamarquês, o território não está à venda, e líderes da Groenlândia denunciaram publicamente a tentativa de interferência estrangeira. Embora todos os principais partidos políticos da ilha apoiem, em algum grau, a independência plena da Dinamarca, nenhum deles concorda com qualquer aproximação ou submissão aos Estados Unidos.

Com cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, 80% deles cobertos por gelo, a Groenlândia abriga apenas 56 mil habitantes, mas sua importância geoestratégica é enorme. A região abriga, desde 1951, uma base militar dos EUA no norte da ilha, fruto de um acordo de defesa entre Washington e Copenhague.

Diálogo sobre comércio e clima

Durante a ligação de aproximadamente 40 minutos, Lula e Frederiksen também trataram de temas econômicos, como as alterações tarifárias promovidas pelos Estados Unidos, e reforçaram a importância do multilateralismo e do livre comércio como princípios fundamentais da política internacional.

Os dois líderes expressaram o compromisso de trabalhar pela conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, que está em negociação há mais de 20 anos. A expectativa é que o diálogo se intensifique no segundo semestre, quando o Brasil assumirá a presidência temporária do Mercosul e a Dinamarca ocupará a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.

Lula aproveitou a ocasião para reiterar o convite à primeira-ministra dinamarquesa para visitar o Brasil no segundo semestre, destacando dois eventos internacionais importantes: a 30ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém (PA), e a Cúpula Brasil-União Europeia, cuja data ainda será definida.

A conversa entre os dois líderes reforça a aproximação entre Brasil e Dinamarca em um momento de tensões geopolíticas e de debates estratégicos sobre o futuro da governança global e do meio ambiente.