Ronaldo exige transparência na eleição da CBF

 

Ronaldo cobra transparência na eleição da CBF e sinaliza interesse na presidência

O ex-jogador e ídolo do futebol brasileiro, Ronaldo, enviou nesta segunda-feira (24) uma carta à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), à Fifa, à Conmebol e aos presidentes de clubes das Séries A e B pedindo mudanças no processo eleitoral da entidade.

No documento, Ronaldo faz duras críticas ao modelo atual, afirmando que há “falta de transparência e segurança jurídica”. Ele solicita que a Fifa e a Conmebol supervisionem a eleição e deixa claro seu interesse em concorrer à presidência da CBF.

Entre os pedidos, o ex-atacante destaca a necessidade de que a convocação das eleições seja feita com pelo menos um mês de antecedência, algo que depende do atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Após um acordo homologado entre a CBF, dirigentes e a Federação Mineira de Futebol, ficou definido que o mandato de Ednaldo Rodrigues vai até março de 2026. Assim, ele poderá convocar o pleito a partir de 23 de março deste ano. Ronaldo reforça, na carta, a importância da transparência no processo eleitoral.

Veja na íntegra a carta de Ronaldo:

 

“Prezados Senhores, Conforme comuniquei publicamente, pretendo me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito. Preocupa-me, no entanto, a falta de transparência e segurança jurídica no processo eleitoral, que pode comprometer a imparcialidade e a legitimidade das eleições.

É notório que, com o estatuto vigente, o presidente em exercício tem controle absoluto de todo o processo – o que, por si só, nos distancia das condições de concorrência leal e isonômica. Além de não contribuir para a integridade do pleito, o modelo dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas.

Ademais, a crise dos últimos anos no comando da CBF, marcada por uma série de interferências externas e disputas judiciais incompatíveis com a autonomia e grandeza da entidade, maculou sua reputação a nível mundial e colocou em risco a sua independência.

Se existe um fato incontestável nesses anos de imbróglio – que, inclusive, antecede a atual gestão – é que essa sucessão de acontecimentos gerou um sentimento coletivo de insegurança jurídica e afetou negativamente a credibilidade da confederação. Faltam menos de 16 meses para a próxima Copa do Mundo – chegaremos a 2026 com um jejum de 24 anos sem o título – e tudo que o futebol brasileiro não precisa agora é passar por um processo eleitoral de legitimidade duvidosa. O que precisamos é de tempo para dar voz e espaço aos clubes que, unidos, são ainda mais fortes; para escutar as federações em prol de melhorias nas competições e desenvolvimento do esporte em seus estados; para que a força da visão compartilhada, no alinhamento estratégico, nos conduza à mudança.

À luz dessas preocupações, solicito que a data para as próximas eleições – cujo prazo estatutário é de um ano a partir de 23 de março de 2025 – seja definida com antecedência mínima de um mês, a fim de assegurar a organização e participação dos interessados. 

Solicito ainda que o pleito seja supervisionado presencialmente pela FIFA e pela CONMEBOL, para dar mais transparência e segurança jurídica ao processo eleitoral, bem como alinhamento aos princípios internacionais de governança no futebol. Está nas mãos do colégio eleitoral a oportunidade e a responsabilidade de atender à urgência de um choque de gestão na CBF, que comece por restaurar a confiança na instituição e seja sustentável no longo prazo. Reitero minha completa disposição colaborativa para a reconstrução da credibilidade e proteção do futuro da entidade. O futebol brasileiro é patrimônio público – cabe a nós defendê-lo”.