
Presidente diz que não acredita mais nas promessas de compensação financeira para a conservação de florestas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (30), que já não acredita na promessa dos países ricos de fornecer compensação financeira às nações que preservam suas florestas como parte do combate às mudanças climáticas. Durante entrevista coletiva, Lula cobrou mais seriedade dos governos que assumiram esse compromisso e destacou a importância das populações locais para a manutenção da Floresta Amazônica.
Apesar de reforçar a necessidade de proteger as florestas, o presidente ressaltou que essa preservação só será possível se houver garantia de direitos e recursos para as comunidades que vivem nessas áreas.
Críticas ao descumprimento de acordos internacionais
Lula alertou que, sem medidas concretas, as conferências sobre mudanças climáticas podem perder credibilidade. “Se a gente não fizer uma coisa forte, essas COPs vão ficar desmoralizadas, porque medidas são aprovadas; fica tudo muito bonito no papel, mas depois nenhum país cumpre”, afirmou.
O presidente citou o histórico de descumprimento de compromissos climáticos por parte dos Estados Unidos, lembrando que o ex-presidente Donald Trump retirou o país do Acordo de Paris e que os norte-americanos já não haviam cumprido o Acordo de Kyoto.
Ele também criticou o não pagamento dos US$ 100 bilhões anuais prometidos pelos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento para o enfrentamento da crise climática. Segundo Lula, agora a necessidade subiu para US$ 1,3 trilhão, mas a expectativa de que esse valor seja repassado é mínima. “Os ambientalistas então baixaram para US$ 300 bilhões. E também não vão dar. É preciso que a gente faça uma discussão séria”, disse.
COP30 e a necessidade de uma transição energética real
Lula defendeu que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, em novembro deste ano, deve servir como um marco para decisões concretas sobre o futuro do planeta. “Se nós queremos discutir a questão do clima com seriedade; se nós queremos fazer com que haja uma transição energética de verdade; se nós queremos mudar o nosso planeta pra gente poder sobreviver nele; ou nós vamos brincar de falar sobre a questão do clima”, declarou.
O presidente também reforçou que qualquer iniciativa de preservação deve levar em conta o impacto social sobre as populações locais. “Eles têm de saber, quando a gente fala que vai chegar ao desmatamento zero em 2030, que debaixo da copa de cada árvore tem um indígena, um ribeirinho, um pequeno trabalhador rural. E que essa gente tem de ter acesso às coisas que todo mundo tem; que eles têm direito a ter bens materiais”, concluiu.