NASA encerra missão do Ingenuity após acidente em Marte

Divulgação: NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS

 

Helicóptero revolucionário continua a fornecer dados valiosos, apesar de danos irreparáveis nas hélices

 

 

 

A missão do helicóptero Ingenuity em Marte chegou ao fim após um acidente ocorrido durante o 72º voo. Durante a descida, após atingir a altura planejada de 12 metros, a aeronave perdeu contato com o rover Perseverance, que serve como retransmissor de comunicações. No dia seguinte, o contato foi reestabelecido, e imagens enviadas à Terra revelaram danos graves nas hélices rotativas.

Investigação aponta falhas no sistema de navegação

Engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA e da AeroVironment conduziram uma investigação detalhada para apurar as causas do incidente. A análise concluiu que a falha no sistema de navegação do Ingenuity em fornecer dados precisos durante o voo foi o principal motivo do acidente.

De acordo com Håvard Grip, primeiro piloto do Ingenuity, a região de pouso na cratera Jezero, caracterizada por ondulações de areia íngremes e pouca textura visual, ofereceu informações insuficientes para que a câmera de navegação realizasse o rastreamento correto da superfície. Esse sistema, fundamental para estimar velocidades e garantir um pouso seguro, apresentou problemas cerca de 20 segundos após a decolagem, resultando em um impacto forte no solo.

Fotografias pós-voo indicam que o choque causou a inclinação da aeronave, levando à ruptura das hélices devido às altas cargas geradas pela rápida mudança de altitude. O dano às pás provocou vibrações excessivas e sobrecarga no sistema, culminando na perda temporária de comunicação com o Perseverance.

Legado do Ingenuity para futuras missões

Apesar do acidente, o Ingenuity segue enviando dados de clima e aviônicos para o rover Perseverance cerca de uma vez por semana. Essas informações continuam a contribuir para o desenvolvimento de futuros exploradores de Marte e novas tecnologias aeroespaciais.

Segundo Teddy Tzanetos, gerente de projeto do Ingenuity, a missão foi pioneira no uso de processadores comerciais de celulares em operações no espaço profundo, provando que equipamentos menores e menos robustos podem sobreviver no ambiente extremo do Planeta Vermelho. “Estamos nos aproximando de quatro anos de operações contínuas, mostrando que nem tudo precisa ser maior, mais pesado e resistente à radiação para funcionar em Marte”, afirmou Tzanetos.

O Ingenuity, que inicialmente deveria realizar apenas cinco voos, ultrapassou todas as expectativas, realizando 72 missões bem-sucedidas e abrindo caminhos para o futuro da exploração espacial.