Investimento de R$ 3,2 bilhões garantirá modernização e continuidade da primeira usina nuclear do Brasil
A Eletronuclear recebeu, nesta quinta-feira (21), autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para a renovação da licença de operação da usina nuclear Angra 1 até dezembro de 2044. A medida, que estende a vida útil da usina por mais 20 anos, é resultado de um processo iniciado em 2019 e demandará investimentos totais de R$ 3,2 bilhões até 2027.
O montante será aplicado em quatro parcelas anuais de cerca de R$ 720 milhões entre 2023 e 2026, e uma de R$ 320 milhões em 2027. Esses recursos serão destinados à modernização completa da usina e ao cumprimento das exigências do órgão regulador.
Marco estratégico
A renovação da licença é considerada uma conquista estratégica para a Eletronuclear, que também planeja retomar a construção de Angra 3, projeto que depende de aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, destacou o trabalho técnico realizado nos últimos cinco anos e comparou a extensão da licença de Angra 1 às usinas americanas de características similares, já autorizadas a operar por até 80 anos.
Angra 1 em números
Inaugurada em 1985, Angra 1 é a primeira usina nuclear brasileira e opera com um reator de água pressurizada (PWR), o modelo mais utilizado no mundo. Com capacidade de 640 megawatts, a usina produz energia suficiente para atender uma cidade com 2 milhões de habitantes e abastece o sistema elétrico nacional ininterruptamente.
Em 2023, Angra 1 gerou 4,78 milhões de megawatts-hora (MWh), alcançando um fator de carga de 88,24% nos últimos cinco anos — equivalente a operar 322 dias por ano em capacidade máxima.
Modernização e eficiência
Embora tenha sido adquirida da empresa americana Westinghouse sob o modelo turn key, que não previa transferência de tecnologia, a Eletronuclear acumulou expertise ao longo das décadas. Hoje, a empresa é referência em eficiência operacional, superando indicadores de usinas similares ao redor do mundo.
O investimento contínuo na modernização de Angra 1 é um passo decisivo para a consolidação da energia nuclear como componente estratégico do sistema energético brasileiro, garantindo maior estabilidade e sustentabilidade ao setor.