Cinco anos após perder o status, país recebe novamente reconhecimento por esforço de vacinação e vigilância
Após cinco anos sem o certificado de eliminação do sarampo, o Brasil foi oficialmente reconhecido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) como um país livre da doença. A cerimônia de recertificação ocorreu em Brasília nesta terça-feira (12), e o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, entregou pessoalmente o certificado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Esse diploma é resultado da força da retomada e da competência do sistema de vacinação brasileiro”, afirmou Lula.
A última ocorrência de sarampo no país foi em junho de 2022, no estado do Amapá. Desde então, medidas intensivas de vacinação e vigilância foram adotadas para garantir a proteção da população. O diretor da Opas destacou a importância de comprometimento político no combate à doença. “Ver um presidente liderando uma retomada do programa de imunização faz uma diferença tremenda”, afirmou Barbosa, que também ressaltou a liderança do Brasil entre os países das Américas no aumento da cobertura vacinal após a pandemia de Covid-19.
Desafios e metas
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, chamou o reconhecimento de uma “conquista importante” que reflete o comprometimento nacional com a saúde pública, mas alertou para a necessidade de manter os esforços: “É uma conquista, mas não podemos descansar. A luta continua”. De acordo com Trindade, a mobilização envolveu a sociedade, gestores, a comunidade científica e o Parlamento, além de cooperação com a Opas.
Para o presidente da Câmara Técnica Nacional de Especialistas, Renato Kfouri, o retorno ao status de país livre do sarampo reflete a retomada dos investimentos em vacinação e vigilância epidemiológica. “Vi um trabalho sendo feito neste Brasil afora com propósito e compromisso”, disse Kfouri, reconhecendo os esforços de várias frentes para alcançar essa recertificação.
Em nota, a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, comemorou a recertificação, mas destacou que a manutenção desse status depende de uma mobilização contínua, já que o vírus ainda circula no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados mais de 320 mil casos de sarampo globalmente em 2023. Levi também ressaltou a importância de redobrar os esforços em outras vacinas, como a da pólio, que segue com cobertura vacinal abaixo do ideal.
Histórico e esforços de imunização
O Brasil recebeu o certificado de eliminação do sarampo pela primeira vez em 2016, após passar um ano sem registros da doença. Entretanto, a combinação de baixa cobertura vacinal e o aumento do fluxo migratório reintroduziu o vírus em 2018. Em 2019, o sarampo voltou a circular de forma intensa, o que levou o país a perder o status. Entre 2018 e 2022, foram mais de 40 mil casos confirmados, com o último registro autóctone ocorrido em junho de 2022, no Amapá.
Desde então, apenas dois casos importados foram registrados em 2024 – um no Rio Grande do Sul, vindo do Paquistão, e outro em Minas Gerais, vindo da Inglaterra. Esse controle, segundo o Ministério da Saúde, só foi possível graças a campanhas e estratégias de imunização e vigilância.
O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa, com complicações graves como pneumonia, encefalite e cegueira. “A maneira mais efetiva de evitar o sarampo é por meio da vacinação”, reforçou o ministério, que segue empenhado em manter a cobertura vacinal para prevenir novos surtos e garantir que o país permaneça livre do sarampo.