Dia Nacional da Vacinação: Profissionais e desafios para manter o Brasil imunizado

Foto: Breno Esaki/Agência Brasília

 

O Brasil conta com um dos maiores sistemas públicos de vacinação do mundo, aplicando anualmente mais de 300 milhões de doses em todo o território nacional. Esse esforço gigantesco só é possível graças ao trabalho de cerca de 193 mil enfermeiros e técnicos de enfermagem espalhados por mais de 38 mil salas de vacina. Além desses espaços, esses profissionais frequentemente vão ao encontro da população, levando imunização para quem mais precisa. Nesta quinta-feira (17), Dia Nacional da Vacinação, os profissionais de saúde destacam a importância de aproveitar cada oportunidade para orientar e imunizar os cidadãos.

Uma dessas profissionais é Viviane de Almeida, enfermeira no Super Centro Carioca de Vacinação, no Rio de Janeiro. Com 16 anos dedicados à aplicação de vacinas, Viviane começou sua trajetória na área como técnica de enfermagem durante uma campanha de vacinação contra a gripe. Desde então, encontrou sua vocação na imunização.

“É um olhar diferenciado, de evitar que a gente adoeça por doenças que podem ser prevenidas pela vacina. Foi isso que me fez apaixonar por esse trabalho”, revela Viviane.

Vacinas em constante atualização

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece 31 tipos de vacinas, sendo frequentemente atualizado para atender às necessidades da população. Em 2024, a vacina contra a covid-19 passou a integrar o calendário básico, enquanto a vacina contra a dengue começou a ser aplicada em adolescentes. Além disso, o famoso “Zé Gotinha” se despediu com a substituição pela dose injetável contra a pólio, e o esquema do HPV foi simplificado para dose única.

Viviane destaca a importância de manter-se atualizado para orientar corretamente a população: “Cada visita ao posto de saúde é uma oportunidade única. A gente nunca sabe se aquela pessoa vai voltar. Por isso, precisamos avaliar o que está pendente e o que pode ser feito no momento, seja para o paciente ou para quem o acompanha.”

O papel dos agentes de saúde

A enfermeira Mayra Moura, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, reforça a relevância de outro ator-chave no sistema: os agentes comunitários de saúde. Quase 300 mil profissionais em todo o Brasil têm a missão de acompanhar famílias atendidas pela atenção básica e atuar como elo entre a comunidade e o serviço de saúde.

“Quando o agente estabelece uma relação de confiança com a comunidade, ele consegue convencer as pessoas sobre a importância da vacina. Mas esse papel só é eficaz quando há preparo. O agente precisa entender quais imunizações são indicadas para cada situação – para idosos, gestantes ou pessoas em tratamento oncológico, por exemplo”, explica Mayra.

Ela também aponta que o fortalecimento das equipes de saúde da família e o treinamento contínuo desses profissionais são essenciais para reverter a queda nas coberturas vacinais. “A imunização é responsabilidade da atenção primária, mas precisa estar no checklist de toda equipe de saúde da família quando visitam as casas”, defende.

Cobertura vacinal: desafios e avanços

Apesar dos esforços, o Brasil ainda está longe de atingir a cobertura vacinal ideal. Embora o país tenha registrado um aumento nas taxas de vacinação desde 2023, apenas a vacina meningocócica C superou o índice recomendado de 95% até setembro deste ano. Por outro lado, imunizantes importantes ainda apresentam baixa adesão: apenas 53% das gestantes tomaram a dTpa, e menos de 30% dos bebês receberam a vacina contra a covid-19.

A melhora da cobertura depende do engajamento contínuo dos profissionais de saúde e da conscientização da população sobre a importância da imunização. Neste Dia Nacional da Vacinação, o chamado é claro: cada momento conta para proteger vidas e prevenir doenças.