
Uma campanha de vacinação contra a poliomielite está programada para iniciar no próximo domingo (1º) na Faixa de Gaza, desde que Israel e o grupo palestino Hamas cumpram as pausas humanitárias estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, o prazo de três dias estipulado para cada uma das duas rodadas de vacinação pode não ser suficiente para alcançar a meta de 90% de cobertura.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou preocupações sobre a eficácia do período previsto. “Devido à insegurança, estradas danificadas e deslocamento de populações, três dias para cada rodada provavelmente não serão suficientes. A cobertura vacinal será monitorada e, se necessário, a vacinação será estendida por um dia,” alertou Tedros.
A campanha, coordenada pela OMS em colaboração com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), visa imunizar cerca de 640 mil crianças menores de 10 anos na região. A estratégia começa no centro de Gaza e prossegue para o sul e o norte. “É crucial que as equipes de saúde sejam protegidas e possam conduzir a vacinação de forma segura. Pedimos a todas as partes envolvidas que garantam a segurança desses profissionais e das crianças,” enfatizou Tedros. Ele também destacou que a verdadeira solução para garantir o bem-estar infantil é um cessar-fogo.
Recentemente, a OMS confirmou o primeiro caso de pólio na Faixa de Gaza em 25 anos. Um bebê de 10 meses, residente em Deir al-Balah, foi diagnosticado com a doença, sem ter recebido as doses previstas do esquema vacinal. O sequenciamento genético do vírus foi ligado a uma variante do poliovírus tipo 2 detectada em amostras ambientais de junho.
A OMS e o Unicef já haviam solicitado uma trégua humanitária para permitir a realização da campanha de vacinação. A falta de pausas nos combates pode inviabilizar a imunização necessária, que exige a segurança de deslocamentos e o acesso às unidades de saúde.
Desde junho, amostras ambientais em Gaza confirmaram a presença do poliovírus, e a OMS registrou pelo menos três casos suspeitos de paralisia flácida aguda, um sintoma comum da pólio. A cobertura vacinal pré-conflito era alta, mas caiu drasticamente devido às interrupções na vacinação de rotina.
“A situação aumentou o risco de propagação de outras doenças preveníveis por vacinação, como sarampo e hepatite A, além de infecções respiratórias e diarreia entre crianças,” alertou a OMS. A entidade enfatiza que a única forma de garantir a saúde pública na região é um cessar-fogo sustentável.