Enchentes no RS: Impacto significativo na indústria gaúcha

© Rafa Neddermeyer/Agência Brasi

 

Receita estadual aponta queda de 15,6% nas vendas industriais em maio devido às enchentes

 

 

 

 

 

As enchentes e enxurradas provocadas pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul a partir do fim de abril tiveram um impacto negativo significativo sobre a indústria gaúcha. Segundo dados divulgados pela Receita Estadual, houve uma queda de 15,6% nas vendas ao longo do mês de maio, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Setores mais afetados

O boletim sobre arrecadação e emissão de notas fiscais no período destacou os setores mais impactados:

  • Insumos agropecuários: queda de 39,1%
  • Metalmecânico: queda de 24,4%
  • Pneumáticos e borrachas: queda de 18,2%
  • Têxteis e vestuário: queda de 17,2%
  • Madeira, cimento e vidro: queda de 16,1%

Além disso, o setor agropecuário teve uma redução de 9,9% em maio, enquanto o setor de alimentos registrou um recuo de 5,3%.

“Apesar disso, todos os setores analisados já apresentam sinal de retomada após o momento mais crítico da crise meteorológica”, afirmou o governo do RS em nota. De acordo com os dados oficiais, o maior impacto econômico foi registrado na primeira semana do desastre climático, quando a queda geral média chegou a ser de 37,3%.

Impacto regional

O relatório também detalhou os impactos por região, com as maiores baixas verificadas em:

  • Fronteira Noroeste: queda de 63,2%
  • Alto do Jacuí: queda de 28,6%
  • Vale do Rio dos Sinos: queda de 26,2%
  • Vale do Taquari: queda de 26,0%
  • Vale do Caí: queda de 25,9%

A Região Metropolitana de Porto Alegre teve um índice de queda de 21,2% na comparação das vendas industriais de maio de 2024 com maio de 2023.

Arrecadação e PIB

No geral, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no RS em maio foi R$ 640 milhões (-16.1%) menor do que o projetado no início do ano. O governo gaúcho informou que 91% dos 278 mil estabelecimentos contribuintes do ICMS no RS estão situados em municípios em estado de calamidade pública ou em situação de emergência. Desses, 44 mil estabelecimentos (16% do total), responsáveis por 27% da arrecadação de ICMS, estão em áreas que foram inundadas.

Impacto sobre o PIB

O impacto da tragédia climática no Rio Grande do Sul sobre a economia nacional ainda não foi inteiramente mensurado. Nesta semana, por exemplo, o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre deste ano, destacando, contudo, que o cálculo não capta o impacto das chuvas e enchentes em território gaúcho.

“Isso só vai aparecer quando tivermos as próprias pesquisas mensais referentes a esse período”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Em 2023, o Rio Grande do Sul foi o estado com o quinto maior PIB do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. A economia gaúcha produziu R$ 640,299 bilhões no ano passado, o equivalente a 5,9% do PIB nacional.