Estudo revela expansão do garimpo na Amazônia, impactando terras indígenas

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Pesquisa do Ipam destaca aumento significativo de áreas de garimpo e seus impactos ambientais e sociais

 

 

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) revelou que cerca de 241 mil hectares na Amazônia brasileira estão ocupados por garimpos, sendo 25 mil hectares em 17 terras indígenas (TIs). Os dados, divulgados nesta sexta-feira (26), apontam um crescimento alarmante da atividade mineradora na região ao longo de 37 anos, especialmente a partir de 2016, quando as invasões em terras indígenas aumentaram 361%.

A pesquisadora Martha Fellows Dourado, da equipe do estudo, destacou a surpresa com o aumento agressivo do garimpo nas TIs. A TI Kayapó, por exemplo, teve um aumento de 1.339% nesse curto período, evidenciando a intensidade do problema. O estudo também apontou impactos diretos nos recursos hídricos da região, afetando 139 povos originários e resultando em problemas como a contaminação da água e da vegetação pelo uso de mercúrio.

A metodologia utilizada no estudo envolveu análise de dados da MapBiomas e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), mapeando as áreas afetadas pelos garimpos e o impacto nos recursos hídricos. O estudo também sugere a revisão de leis que facilitam atividades ilegais, como a Lei da Boa-fé e o Estatuto do Garimpeiro, além do fortalecimento da legislação indigenista para proteger as TIs.

Para Martha, a flexibilização da legislação minerária contribui para a expansão do garimpo ilegal, dando a impressão de impunidade. Ela destaca a importância de fortalecer a proteção das TIs e demarcar territórios sem destinação legal para evitar mais invasões e preservar a região.